A baixa de semicondutores se resume em escassez no mercado e, para alguns, isso vira lucro. Há um ano, fabricantes de ferramentas conseguiram tirar proveito disso na China, com a venda de equipamentos para a fabricação destes semicondutores. 

Como informa a Forbes, ao que aparenta, os executivos estavam confiantes de que a existência de controles de exportação rígidos impactariam pouco nos ganhos, mesmo que a demanda da China precise ser suprida por alguém. E os Estados Unidos estava lá para isso.

Em geral, a produção da China vira uma soma aos esforços do país para reduzir sua dependência de importações e impulsionar a produção doméstica de semicondutores, que se tornou uma prioridade nacional – ainda mais com o esforço de Pequim rumo à autossuficiência tecnológica. 

O que os EUA (e o resto do mundo) têm a ver com isso?

A cadeia de valor dos semicondutores é um exemplo moderno de interdependência transnacional e dos impactos da relação China e EUA. A rivalidade entre eles moldará as escolhas das nações em todo o mundo, em um campo de interesses cada vez mais amplo. 

O próprio presidente Joe Biden chegou a chamar a tal relação dos países de “a competição para vencer o século XXI”, quando o assunto são semicondutores, sendo este (para eles) o “DNA da tecnologia atual.

Placa de semicondutores.
O “tempo de espera” para equipamentos de fabricação de chips foi estendido para 12 meses, como diz uma recente nota da empresa de pesquisa ICWise.

Há anos, sabe-se que as ambições globais do país asiático eram uma ameaça aos EUA, mas isso tem virado um risco cada vez maior à segurança do país. Em específico, sabe-se de três fabricantes de ferramentas: Applied Materials (AMAT), KLA Corporation (KLAC) e a LAM Research (LRCX).

Ao longo de 2020, as ações da Applied Materials dobraram: de 74 dólares para 141 dólares (ou cerca de R$770), houve crescimento de 60% (para R$2 mil) e o LAM Research está em 572 dólares (R$3,1 mil). 

Em novembro do ano passado, Jim Cramer (apresentador da CNBC, canal de TV à cabo norte-americana) avisou a seus espectadores que era recomendável ficar de olho no trio de empresas. Com a eleição de Joe Biden, era esperado que a relação entre EUA e China melhorasse, recuando uma série de restrições previamente estabelecidas pelo ex-presidente Trump.

Em abril deste ano, o Escritório do Diretor de Avaliação Anual de Ameaças da Inteligência Nacional interpretou que o “impulso” de poder global da República Popular da China estaria no topo da lista de ameaças.

Para o Departamento de Defesa isso teve sinônimos: a China é “o único competidor capaz de combinar seu poder econômico, diplomático, militar e tecnológico” que consegue criar um mínimo desafio ao sistema internacional estável.

De acordo com o portal South China Morning Post, a queda nos últimos dois meses pode ser o resultado da escassez dos suprimentos de semicondutores. O atraso médio chega a uma média de seis meses, dificultando os planos de expansão das fundições chinesas. 

O “tempo de espera” para equipamentos de fabricação de chips (ou seja, entre o momento em que um pedido é feito e o momento que o equipamento chega ao chão de fábrica), foi estendido para 12 meses, como diz uma recente nota da empresa de pesquisa ICWise.

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