O ano de 2020 foi produtivo para as empresas gaúchas de tecnologia da informação (TI). As companhias tiveram uma alta de 10. 4% no faturamento e, por conta disso, agora correm atrás de um novo desafio: formar profissionais para acompanhar o ritmo de crescimento que aconteceu durante a pandemia.
De acordo com a associação setorial do estado (Assespro-RS), o setor deve alcançar uma expansão de dois dígitos em 2021 e 2022. Mas para consolidar os resultados, é preciso formar capital humano e preencher pelo menos 6 mil vagas em aberto no Rio Grande do Sul. Os salários do segmento podem chegar a R$ 15 mil. No segundo trimestre de 2021, o setor foi responsável pela criação de 33 mil postos de trabalho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O mercado de TI no Rio Grande do Sul responde por 11,5% da massa assalariada do estado, ficando atrás apenas de áreas tradicionais da economia gaúcha, como a agropecuária (13,7%), indústria (14,7%) e comércio (17,7%).
— O setor cresce acima de 10% e o prosseguimento dessa escala está diretamente relacionado com a necessidade de pessoas qualificadas para atender às novas demandas — resume Julio Ferst, presidente da Assespro-RS.
A carência de profissionais qualificados para a área, no entanto, não está restrita ao Rio Grande do Sul. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) revelam que a carência de profissionais poderá alcançar a marca de 400 mil em todo o país até 2024.
O dado é fruto de uma equação que considera o aumento médio da demanda em 100 mil novas vagas, a cada ano. Em contrapartida, são formados apenas 46 mil profissionais em universidades, cursos técnicos e institutos federais em igual período.
Perspectivas de formação em vista
Para dar conta da demanda, duas iniciativas gaúchas nascem com o propósito de preencher os 6 mil postos já existentes no estado. Uma delas é a “+prati”, que reúne 40 empresas do setor de TI. Criado em 2020, o projeto ofereceu quatro trilhas de formação e disponibilizou 4 mil vagas para capacitação. Alexandre Trevisan, coordenador do “+praTi”, explica que a projeção de crescimento da TI é 10 vezes maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
— As oportunidades estão no potencial de criação de milhares de empregos bem remunerados e de qualidade, com potencial para movimentar toda a economia. O grande desafio é sensibilizar a sociedade para que compreenda essas oportunidades e se capacite para participar deste novo mercado — argumenta.
Entre os profissionais que buscam a formação chama atenção o quesito da idade. Cerca de 25% têm 40 anos ou mais. De acordo com Trevisan, isso mostra que há margem para uma migração de profissionais insatisfeitos com suas áreas ou com determinados mercados de trabalho para a TI.
A segunda iniciativa que visa atender a demanda por profissionais de TI é o Campus Caldeira, que deve ganhar corpo até o fim do ano. Pedro Freitas Valério, diretor-executivo do Instituto Caldeira, conta que o programa será destinado a operadores de educação da cidade de Porto Alegre. A meta é preencher 2 mil vagas já mapeadas.
— Vamos ter desde graduação de computação até escolas de sensibilização e treinamento para capacidades associadas à nova economia. Com isso, pretendemos criar um grande banco de talentos que vai preencher essas vagas existentes — diz.