Após dois anos de atraso, a Nasa deve lançar um foguete para analisar estranhos fenômenos que ocorrem na atmosfera terrestre naquela região, divulgou a agência espacial.
Por volta de meio-dia, todos os dias, no Polo Norte, um buraco em forma de funil se abre no campo magnético terrestre, que nos protege de ventos solares – cargas de partículas carregadas de energia que saem do Sol.
Este fenômeno permite que os ventos solares cheguem diretamente à Terra sem proteção durante o curto período em que ocorre. Por conta disso, GPS e rádio funcionam de forma estranha quando estão neste local no momento do fenômeno.
Mais interessante ainda que isso, é o fato de que, de acordo com cientistas, naves que passam pelo Polo Norte enquanto este fenômeno está ocorrendo estão sujeitas a um efeito curioso: elas diminuem de velocidade.
“A cerca de 250 milhas acima da Terra, a espaçonave sente mais arrasto, como se tivesse atingido uma lombada”, disse Mark Conde, físico da University of Alaska Fairbanks e principal investigador da Nasa a respeito do fenômeno.
A atmosfera terrestre vai perdendo densidade conforme vai se distanciando da terra em si, mas se mantém consistente horizontalmente. Ou seja, a 250 milhas de altura, a atmosfera é igual em qualquer parte do mundo.
Exceto no Polo Norte. Neste local, há um bolsão de ar que torna a atmosfera mais densa que em outras partes do planeta, e ninguém sabe por quê. Algo invisível causa este aumento de massa, e o objetivo do foguete é descobrir o que exatamente causa isso.
Uma possibilidade envolve efeitos elétricos e magnéticos ocorrendo na ionosfera, uma camada da atmosfera terrestre que é ionizada pela atividade solar, e que contém partículas elétricas.
A eletrodinâmica presente na ionosfera pode estar aquecendo a região, o que causaria a presença de ventos verticais que sustentam este ar mais denso a 250 milhas do solo.
Mesmo que continuem sem saber o que causa o fenômeno, mas cientistas esperam que estudando ele, serão capazes de prever e mitigar mudanças de trajetória em naves espaciais.
O foguete, que deverá ser lançado no início de dezembro, já teve seu lançamento adiado diversas vezes por problemas técnicos, disse a Nasa.
Da primeira vez, em 2019, o foguete CREX-2 – como ficou conhecido – teve seu lançamento adiado porque não havia muita atividade solar naquele momento, então as condições não eram ideais para a missão.
Depois, a pandemia acabou adiando o lançamento mais uma vez. Agora, a atividade solar está alta, o que torna este período do ano ideal para o lançamento do foguete, cientistas da Nasa avaliaram.
As condições são muito difíceis de serem alcançadas. O fenômeno só ocorre próximo de meio-dia na hora local, e o céu precisa estar escuro (por isso o foguete só pode ser lançado nos meses de inverno na região).
“O negócio de foguetes é um jogo de alto risco”, disse Conde. “Você passa dois ou três anos desenvolvendo algo, mas, no final das contas, tudo se resume a escolher quando pressionar o botão para capturar a ciência que você deseja.”