O Facebook anunciou que vai deletar dados de reconhecimento facial de mais de 1 bilhão de seus usuários. O que significa este movimento da companhia, quase uma pioneira neste negócio, tendo, por mais de uma década, utilizado reconhecimento facial para marcar pessoas em fotos?

A decisão, anunciada pelo vice-presidente de inteligência artificial da Meta (a controladora do Facebook), Jereome Pesenti, vem na esteira de fortes críticas que a companhia tem recebido por violar a privacidade de seus usuários.

A ferramenta de reconhecimento facial do Facebook permitia que as pessoas recebessem sugestões de quem marcar em fotos postadas por elas na rede social. Foi graças a este software que a empresa conseguiu criar um banco de dados imenso de rostos.

O problema é que a tecnologia de reconhecimento facial tem sido usada de forma indevida, com frequência, por governos autoritários, autoridades policiais e empresas.

Na China, o governo começou a usar este tipo de tecnologia para monitorar a minoria étnica Uigur, por exemplo. O uso errado da tecnologia também têm levado a prisões erradas de suspeitos por parte da polícia em vários países.

Quando em 2019 o Facebook fez um acordo de mais de US$ 5 bilhões com o governo americano por conta de violações de privacidade, sua ferramenta de reconhecimento facial foi citada como um problema.

Apesar de ter dito que vai deletar todo o material que recolheu, isso não quer dizer que o Facebook está saindo do negócio de reconhecimento facial. A tecnologia continuará existindo e pode voltar em novos produtos da companhia, alertou o New York Times.

Computadores conectados ao Fcaebook.
O Facebook anunciou que vai deletar dados de reconhecimento facial de mais de 1 bilhão de seus usuários.

Apesar disso, ativistas de direito digital aplaudiram a decisão da companhia, e acreditam que isso deve colocar pressão para que outras empresas, entre elas a Amazon, também coloquem limites neste tipo de software.

Kara Swisher, uma importante jornalista na cobertura de assuntos tecnológicos e também uma ferrenha crítica do CEO do Meta, Mark Zuckerberg, elogiou a decisão tomada pela companhia. 

Na análise da jornalista, porém, isso não quer dizer que a Meta está abandonando a tecnologia ao relento. Ela acredita que lobistas da Meta, da Amazon e de outras grandes companhias que desenvolvem tecnologias de reconhecimento facial, vão continuar agindo nos bastidores.

Swisher acredita que as empresas tentarão influenciar órgãos reguladores norte-americanos a desenhar normas que os beneficiem, evitando assim processos futuros pelo mau uso da tecnologia. “Isto pode inclusive ser o que levou a Meta a puxar o freio – (ela) quer que as regras estejam a seu favor antes de retornar” a este tipo de negócio, ela escreveu para o NYT.

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