As operadoras de telecomunicações AT&T e Verizon decidiram adotar novas medidas de precaução para garantir que as torres de transmissão 5G que utilizam o espectro de banda média não interfiram em sinais de aeronaves.

O anúncio foi feito por meio de uma carta enviada à Federal Communications Commission (FCC), órgão regulador de telecomunicações dos EUA, e representa o primeiro passo para solucionar o conflito entre as indústrias de aviação e de redes wireless. 

As empresas afirmam que vão reduzir a potência do sinal 5G nas torres que transmitirão no espectro conhecido como “Banda C”, que compreende a frequência entre 3.7 GHz e 6.425 GHz. Segundo a carta, as restrições serão ainda mais rigorosas em regiões próximas a aeroportos e heliportos. 

A proposta da Verizon e da AT&T é que essa limitação dure seis meses, que é o período que as empresas acreditam que seja suficiente para evidências adicionais de fabricantes de radioaltímetro serem avaliadas.

Apesar das restrições terem sido propostas pelas próprias empresas, elas afirmam na carta à FCC que permanecem confiantes de que o 5G não representa riscos para a segurança aérea, mas que compreendem a preocupação da Federal Aviation Administration (FAA) em analisar a questão mais a fundo. 

Investimentos bilionários

No início deste ano, a Verizon e a AT&T haviam concordado em suspender seus serviços de 5G no espectro de banda média até 5 de janeiro de 2022 em resposta aos alertas da FAA sobre os potenciais riscos à segurança aérea. 

A carta enviada à FCC, portanto, apresenta uma solução para que sejam realizadas mais análises técnicas sem que as empresas renunciem aos “direitos legais associados aos investimentos substanciais nessas licenças”, conforme consta no próprio comunicado.

Fachada da empresa AT&T.
As operadoras de telecomunicações dos EUA gastaram cerca de US$81 bilhões na compra de licenças 5G.

As operadoras de telecomunicações dos EUA gastaram cerca de US$81 bilhões na compra de licenças 5G, além de US$ 15 bilhões adicionais em preparações para que o serviço fosse disponibilizado ainda este ano. 

No entanto, os planos acabaram sendo adiados para janeiro após representantes da FAA alertarem para a possibilidade das novas transmissões confundirem radioaltímetros, que são dispositivos utilizados por aeronaves para medir a distância até o solo.

Em resposta à carta, a FCC celebrou a iniciativa das empresas, afirmando que a restrição proposta por elas representa um dos maiores esforços para salvaguardar as tecnologias de aviação. 

O órgão regulador de telecomunicações ainda afirmou que, com a adoção das novas medidas, continuará a trabalhar com a FAA para garantir que as redes 5G sejam implementadas de forma rápida e segura.

Fim das disputas

As disputas entre as indústrias de aviação e de telecomunicações têm sido acirradas desde que a FAA apresentou suas preocupações em relação ao 5G. Mesmo após a decisão de limitar a potência do sinal, as operadoras continuam a defender o seu argumento de que não há evidências de problemas de interferência relacionados à Banda C. 

A CTIA, associação comercial que representa o setor de comunicações sem fio dos EUA, afirma que cerca de 40 países já implementaram estações 5G em frequências e potências similares, em alguns casos até mesmo em regiões mais próximas de serviços de aviação, quando comparadas ao país norte-americano. 

Ainda assim, a principal crítica por parte do setor de aviação é o fato de a FCC não ter tomado as precauções necessárias para a chegada do 5G, com membros do Congresso acusando o órgão regulador de adotar uma política de “implementar agora e reparar depois”. 

A carta da Verizon e da AT&T, somando-se às reuniões constantes envolvendo diferentes setores, são um sinal de que essas disputas estão eventualmente chegando ao fim, com um possível acordo à vista.

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