A NSO Group, companhia israelita de spyware, possui um software que pode afetar dispositivos Android e iOS, mas foi somente para este segundo caso que houve uma resposta da empresa responsável a respeito da segurança dos usuários

Donos de iPhone da Tailândia (Ásia), El Salvador (América Central) e Uganda (África) receberam uma notificação da Apple pouco tempo depois de a multinacional californiana abrir um processo contra a NSO. 

Como informa o TechCrunch, foram pelo menos seis ativistas e pesquisadores tailandeses que receberam a notificação, incluindo um cientista político, um pesquisador e um ativista (do grupo de monitoramento legal iLaw).

O processo foi aberto na última terça-feira (23), como objetivo de obter uma liminar permanente e impedir que a NSO use qualquer dispositivo da empresa. Em outras palavras, seria mais difícil de explorar as vulnerabilidades do iPhone e haveriam menos hackers, por consequência.

Fachada da empresa Apple.
O processo foi aberto na última terça-feira (23), como objetivo de obter uma liminar permanente e impedir que a NSO use qualquer dispositivo da empresa.

“As medidas que tomamos hoje enviarão uma mensagem clara: em uma sociedade livre, é inaceitável usar um spyware poderoso patrocinado pelo estado contra aqueles que buscam tornar o mundo um lugar melhor (…) A Apple administra uma das operações de engenharia de segurança mais sofisticadas do mundo e continuaremos a trabalhar incansavelmente para proteger nossos usuários de atores patrocinados pelo Estado como o NSO Group”, diz Ivan Krstić, chefe de segurança da Apple, no comunicado oficial.

Complicações com o Pegasus

O software chamado Pegasus permite aos operadores o acesso às mensagens, fotos e e-mails do celular da vítima, bem como a gravação de chamadas e ativação secreta de microfones e/ou câmeras. Em 2018, o Citizen Lab identificou um operador de spyware Pegasus ainda ativo na Tailândia. 

Em julho deste ano, houve um vazamento do Pegasus investigado pelo consórcio de 17 jornais, como o britânico The Guardian e o americano Washington Post. Foram mais de 50 mil números de telefone, vindos de mais de 40 países. A maioria deles é de países como Índia, Hungria e México, além de países do Oriente Médio.

A história se complicaria ainda mais quando nos lembramos que Carlos Bolsonaro quis trazer o Pegasus para o Brasil meses antes dos ataques surgirem, por uma bagatela de 25 milhões de reais. Na época, Carlos negou de maneira irônica (via Twitter) ter se envolvido com tal oferta, ainda que ele apareça no respectivo edital do Ministério da justiça (nº 03/21). Felizmente nosso país não aparece na lista.

Ponto de vista israelita

Do lado da NSO, há a alegação que tais ferramentas de espionagem foram feitas para vigiar apenas terroristas e criminosos, mas não demorou a vermos casos envolvendo jornalistas e políticos. Eles também afirmam que fornecem o Pegasus apenas para “agências militares, policiais e de inteligência de países com bons antecedentes em direitos humanos”. 

Estes alertas enviados foram, de acordo com a Apple, projetados para informar e ajudar os usuários que podem ter sido alvos de invasores. No caso de El Salvador, foram nada menos que 12 funcionários de El Faro, jornal digital online notoriamente crítico do governo.

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