À medida que as empresas continuam a implementar medidas rigorosas para abandonar o home office e exigir que seus funcionários retornem aos escritórios, o desejo de poder adotar o regime de trabalho híbrido continua a impulsionar o movimento conhecido como “Great Resignation”.
Essa “grande renúncia”, em tradução livre, refere-se à onda de pedidos de demissão em massa que teve origem nos Estados Unidos com o relaxamento de algumas restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
De acordo com a pesquisa “The Future of Work European Employee Survey”, conduzida pela empresa de inteligência de mercado IDC, 32% dos profissionais europeus pretendem deixar seu emprego atual.
O principal motivo citado pelos entrevistados foi a busca por salários mais altos. Já o segundo fator responsável por estimular essa demissão espontânea em massa é uma experiência de trabalho insatisfatória.
Ao analisar as informações coletadas, o IDC concluiu que existe uma discrepância entre o que as empresas e os funcionários consideram uma boa experiência de trabalho, o que indica que as companhias podem enfrentar dificuldades em identificar possíveis soluções para reter talentos.
Investimentos em tecnologia vs. cultura da empresa
Segundo o levantamento do IDC, as empresas costumam valorizar os investimentos em ferramentas de colaboração que facilitam o trabalho híbrido, como o Zoom, Microsoft Teams, Slack, VPNs, entre outros.
Os trabalhadores, por outro lado, demonstram um outro tipo de preocupação em relação ao regime de trabalho híbrido: o declínio da cultura da empresa.
Os profissionais que ocupam cargos de tomadas de decisão no setor de TI, por exemplo, citaram os upgrades em tecnologias de colaboração como a sua principal preocupação.
Já os entrevistados em cargos mais baixos afirmaram estar receosos em relação à forma com que o seu trabalho está sendo avaliado, além de sentirem uma falta de conexão com a empresa e a equipe.
Outro dado revelado pela pesquisa foi que cerca de 30% dos profissionais que adotam o trabalho híbrido não estão satisfeitos com a tecnologia utilizada pela empresa. Ou seja, mesmo os esforços para priorizar investimentos em ferramentas de colaboração não têm sido eficazes.
A conclusão apresentada pelo IDC, portanto, é que os modelos de trabalho flexível bem-sucedidos requerem um distanciamento dos modelos tradicionais de gerenciamento e uma maior aproximação de uma cultura centrada no desenvolvimento dos funcionários.
Futuro do trabalho
Apesar de muitas empresas ainda estarem tentando compreender o significado de uma boa experiência de trabalho para os funcionários, outras já têm conseguido se adaptar aos desafios do trabalho híbrido.
Exemplo disso é a Airbnb, que anunciou recentemente que seus empregados poderiam trabalhar de qualquer lugar do mundo, sem reduções de salário. A companhia acredita que os escritórios tradicionais estão com os dias contados e que, em breve, os trabalhadores só precisarão visitar o local de trabalho uma vez por semana.
Isso não significa, porém, que todas as empresas compartilham dessa mesma visão. Um levantamento feito pelo Slack com 10 mil profissionais em diferentes países revelou que um terço deles já estavam trabalhando presencialmente durante os cinco dias da semana.
Além do estudo do Slack identificar altos níveis de estresse e ansiedade relacionados ao trabalho, foi revelado que os entrevistados que tinham pouca ou nenhuma flexibilidade de horários no trabalho são 2,6 vezes mais propensos a buscar outras oportunidades de emprego.