É praticamente impossível datar qual foi o exato momento em que os seres humanos passaram a adotar a comunicação. Desde a época em que as pessoas antepassadas viviam em cavernas e faziam pinturas para relatar os acontecimentos, a comunicação já se estabelecia em algum grau ou forma.

Com o surgimento do estudo e da coleção do conhecimento, pessoas passaram a teorizar acerca da teoria da informação, ou seja, como a transmitimos Assim, foram pensados alguns elementos da comunicação. 

Entender os elementos da comunicação é importante para solidificar o conhecimento que se tem nessa área e para compreender como melhor aplicá-lo, independentemente da área em que isso ocorra. Um exemplo, se você é da área de Marketing, entender como eles se estabelecem permite que você consiga pensar melhor como transmitir a mensagem de uma marca. 

Abaixo, você conhecerá os tópicos que serão abordados neste artigo. Confira:

Boa leitura!

Quais são os elementos da comunicação?

Os elementos da comunicação

Muitas foram as teorias que buscaram explicar como se dá a comunicação e seus elementos. Existem desde teorias simples até aquelas que são complicadas e cheias de elementos. No entanto, as que mais impactaram a forma de se enxergar a teoria da informação foram a de dois teóricos, chamados Bertil Malmberg e Roman Jakobson

Ambas as teorias se assemelham e se complementam, permitindo que possamos ter uma melhor compreensão acerca dos elementos da comunicação. De acordo com um apanhado da teoria de ambos, temos:

Remetente

O Remetente é o elemento que utiliza de outros elementos da comunicação para transmitir uma informação para um destinatário. Se refere, por exemplo, a uma pessoa que utiliza um código para enviar uma mensagem dentro de determinado contexto. 

Para conseguir fazer sua parte, o Remetente deve ter o desejo de transmitir uma informação, compreendê-la, codificá-la em uma mensagem de uma maneira em que ele sabe que o Destinatário receberá. 

Destinatário

É a parte que recebe a mensagem do Remetente. Quando a mensagem é enviada, o Remetente considera o Destinatário e acredita que ele terá as condições necessárias para interpretá-la e extrair dela as informações. 

De maneira inversa, ao receber a mensagem do Remetente, o Destinatário deverá decodificar a mensagem, extrair a informação e processá-la. A partir desse ponto, ele poderá reverter o ciclo e tornar-se Remetente. 

Mensagem

É a informação codificada de uma forma que o Remetente acredita que o Destinatário conseguirá decodificar e compreender. Essa mensagem pode ser apresentada de diversas formas, seja ela verbal, não verbal ou visual. 

Contexto

De acordo com Jakobson, o contexto é igualmente um elemento essencial para a comunicação, pois, sem ele, não tem como ela ser eficaz

Vamos supor que uma pessoa chegue até você e diga a seguinte frase: “É azul.”. 

Concorda que você não seria capaz de compreender o que a pessoa está dizendo e a comunicação não teria sido efetiva?

No entanto, se você tivesse feito uma pergunta antes, como “Qual é a cor do céu?”, e a pessoa respondesse “É azul.” a mensagem teria sido entregue, decodificada e a comunicação teria sido um sucesso.

É por isso que o contexto é muito importante na hora de conduzir uma mensagem. Esse elemento também pode receber o nome de “Referente”, em alguns casos. 

Código

O código é um dos elementos da comunicação que é um pouco mais complicado de se compreender. Chamamos de código um conjunto de “signos”, que funcionam como sinais ou elementos que se diferenciam a partir de sua relação com outros signos

Por exemplo, a língua portuguesa tem um conjunto de sons, palavras e conceitos que fazem sentido dentro desse sistema fechado. Essa língua, por si só, é um exemplo de codificação. Em caso de a comunicação ser visual ou não verbal, outros elementos podem constituir o código, como cores, formato, iluminação, etc. 

Contato / Canal

Por fim, o contato é a relação que existe entre o Remetente e o Destinatário. Esse contato é, ao mesmo tempo, um meio físico e um vínculo psicológico. Vamos entender isso melhor. 

Para você receber uma informação, ela precisa chegar até você. Com isso, alguém precisa estar presente próximo a você ou usar uma ferramenta para fazer com que a distância seja reduzida. Esse é o meio físico. Se você estiver lendo um jornal, o jornal é o meio físico pelo qual o contato se estabelece. 

Porém, como dissemos anteriormente, o Remetente tem que compreender que o Destinatário é capaz de entender seu código e, consequentemente, traduzir sua mensagem. Para isso, deve existir uma espécie de acordo mútuo em que ambos elementos sabem o que esperar um do outro. Esse é o vínculo psicológico que se exige. 

Obs.: Algumas fontes incluem “Feedback” como um elemento adicional da comunicação. O Feedback seria qualquer resposta do Destinatário indicando que a comunicação foi bem sucedida. No entanto, aqui não o incluímos pois consideramos que qualquer forma de tentativa de comunicação do Destinatário resultaria no início de outro processo de comunicação, com o Destinatário sendo então Remetente. 

Nesse caso, incluir Feedback como um dos elementos da comunicação poderia acabar sendo redundante. Adicionalmente, Feedback não se encontra nos modelos de teoria da informação tradicionais. 

O ruído faz parte dos elementos da comunicação?

O ruído não é um elemento da comunicação pois ele não constitui uma parte primordial para que a comunicação ocorra. Em vez disso, ele se apresenta mais como uma situação ou possibilidade em qualquer etapa do processo de comunicação que pode acabar atrapalhando ou interferindo na conclusão deste. 

Então, o ruído funciona como uma forma para que a comunicação não seja efetiva ou que ela não se concretize, sem ser, necessariamente, algo sonoro como uma buzina ou uma música com o volume muito elevado. 

Vamos pensar, por exemplo, que você está em uma ligação por vídeo-chamada, como uma reunião. Nesse momento, a internet falha, cortando o que a outra pessoa lhe dizia e fazendo com que a tela dela congelasse por alguns instantes. Por conta disso, você não conseguiu finalizar o processo de comunicação e teve de pedir para que a outra pessoa repetisse. 

Nesse caso, a falha na rede de internet constitui o que chamamos de Ruído. 

Como funciona o modelo da teoria da informação?

No tópico anterior, apresentamos a você os elementos da comunicação em lista. Essa escolha foi tomada para que você pudesse compreender melhor como cada um funciona individualmente e qual seu papel dentro da teoria da informação. Porém, na verdade, todos esses processos acontecem juntos e dependem da coexistência um do outro para conseguirem desempenhar sua função corretamente. 

Por exemplo, dificilmente estaremos falando de um processo de comunicação se o Destinatário não possuir um Remetente e vice e versa. Pense em você por conta própria em uma ilha. Exceto você, não haveria mais nada a quem comunicar algo. Então, o processo não aconteceria. 

Logo, Jakobson pensou em um modelo simplificado que é capaz de demonstrar como esses elementos trabalham juntos para consolidar o processo de transmissão de informação. Confira uma representação de seu modelo abaixo:

Modelo do processo de comunicação incluindo os elementos da comunicação

Como demonstra nosso modelo, o processo de comunicação funciona da seguinte maneira:

  1. O Remetente pensa em uma informação que possa ser útil, converte essa informação em mensagem e a codifica em uma forma de codificação em que ela sabe que o Destinatário compreenderá. 
  2. O Remetente estabelece um canal físico ou contato com o Destinatário. Pode ser uma aproximação para dizer algo, fazer uma ligação ou abrir a plataforma de emails. 
  3. Um contexto é estabelecido entre Remetente e Destinatário. Ele pode se dar de maneira natural, somente pela convivência de ambos elementos ou o Remetente pode providenciar esse contexto para o Destinatário. 
  4. A mensagem codificada é enviada para o Destinatário por meio do canal estabelecido. 
  5. O Destinatário recebe, utiliza o código para decodificar a mensagem e compreende a informação. Caso tenha havido a presença de algum ruído em algum estágio, o processo se repete. 
  6. O processo se repete porém dessa vez em ordem inversa. O Destinatário se torna Remetente e vice e versa. 

Exemplo de uso dos elementos da comunicação no dia a dia!

Vamos supor que você seja uma pessoa educadora de uma turma de adolescentes. Quando você vai dar aulas para essa turma, você se coloca a frente e, como você tem a informação necessária, você se torna a pessoa Remetente dessa interação. 

As demais pessoas estudantes, portanto, estarão do outro lado desse processo de comunicação, sendo as suas Destinatárias. Dentro da sua cabeça, você decide qual a melhor forma de transmitir a informação da qual elas precisam. Você usa os recursos disponíveis na linguagem (como metáforas, comparações, anedotas, contar histórias) com o intuito de manter o contato entre vocês ativo

Uma pessoa estudante que esteja atenta e participando ativamente do processo de comunicação pode assimilar a informação passada por você por meio desse código e levantar a mão, por exemplo, solicitando a alternação do turno de fala. Ao levantar a mão, na realidade, ela já está iniciando um novo processo de comunicação com você e com as demais pessoas presentes, cabendo a você decidir ou não se naquele momento você pode abrir mão do seu processo com as pessoas destinatárias para inverter o turno de fala. 

Você dizendo que sim, aquela pessoa estudante se torna temporariamente a pessoa Remetente de uma nova informação (que pode ser uma informação, uma dúvida, etc.) e você se torna o elemento Destinatário. 

Enquanto esse processo acontecia com algumas pessoas estudantes, outras estavam engajadas no processo, porém, distraíram-se com outros estímulos visuais, sonoros ou internos. Essas pessoas experimentaram ruídos e podem não ter tido uma experiência eficaz

Ao mesmo tempo havia pessoas que secretamente mexiam no celular, viam suas redes sociais e trocavam mensagens. Essas não faziam parte do processo de comunicação desde o princípio, estabelecendo outros processos com outros Destinatários ou sendo Destinatário de outras pessoas e situações. 

Quais são as funções da linguagem e como elas se relacionam com os elementos da comunicação?

Para além do modelo de comunicação e da utilização da linguagem, Jakobson ainda contribuiu descrevendo quais seriam as funções dentro da linguagem de cada um dos elementos da comunicação. Segundo ele, cada elemento serve para um determinado propósito na comunicação. 

Antes de conhecermos cada uma dessas funções, faz-se necessário ter duas coisas importantes em mente:

  • 1: A informação ou o produto da comunicação final não precisa ser definido somente por uma dessas funções. Ele pode conter mais de uma ou até mesmo todas. Então, não é um processo de exclusão. 
  • 2: Cada uma das funções faz uso de recursos específicos da linguagem, tornando possível reconhecê-los quando aparecem. 

Agora, vamos conhecer abaixo as funções da linguagem:

1. Função Emotiva

  • Elemento da comunicação: REMETENTE

A função emotiva está presente em comunicação cuja mensagem está focada no que o Remetente pensa ou acha. Logo, é bem comum o uso da primeira pessoa do singular “Eu”, a utilização de qualidades e adjetivos que demonstram características como “bonito, feio, legal, chato”. 

  • Exemplo:

Um antigo grupo musical brasileiro chamado “Palavra Cantada” tem uma música chamada “Eu.” Um dos trechos da música diz o seguinte:

“Se aquela moça esperta não tivesse ali passado

Ou se não se apaixonasse por aquele condenado

Eu não teria bisavô, nem bisavó, nem avô, nem avó, nem pai pra casar com a minha mãe

Então eu não contaria essa história familiar

Pois eu nem existiria pra poder cantar

Nem pra tocar violão”

Eu, Palavra Cantada

Apesar de ser uma música e ter bastante da função poética, uma das funções que mais se destacam nesse texto é a função emotiva. Repare em como eu lírico fala sobre como ele não teria bisavó, bisavô, etc. e como não existiria para contar a história. Adicionalmente, há o uso de adjetivos “esperta”, “condenado”, “familiar”, que demonstram a opinião dele.

2. Função Conativa / Apelativa

  • Elemento da comunicação: DESTINATÁRIO

Por outro lado, a função conativa foca diretamente no destinatário, no “Tu” ou “Você” da comunicação. Se emprega muito nessa construção o imperativo, ou seja, a sugestão e a ordem.  O intuito é persuadir e convencer o elemento Destinatário de algo. Campanhas publicitárias se beneficiam dessa função. 

  • Exemplo:
Campanha do governo para conscientizar em relação à vacinação.

Esse banner disponibilizado pelo Governo Federal em uma campanha de vacinação é um ótimo exemplo. O intuito da comunicação, nesse caso, é persuadir a pessoa que o lê a manter-se em segurança e ajudar a cuidar para que outras pessoas também estejam. Com isso, alguns termos imperativos são empregados, como “evite”, “use”, “lave”, “mantenha”. 

3. Função Referencial

  • Elemento da comunicação: CONTEXTO ou REFERENTE

A função referencial foca completamente no contexto. Ou seja, nesse caso, a intenção é falar sobre o envolve a fala. Nessa função, ocorre um afastamento direto (isso significa que  o assunto é tratado à distância, como se houvesse acontecido longe), geralmente na 3º pessoa (Ele, Ela, Eles, Elas). O intuito aqui é informar e relatar algum acontecimento. Por isso, essa função acontece muito em notícias, no jornalismo e artigos científicos

  • Exemplo:

Esse próprio texto é o maior exemplo possível de uma comunicação pautada na função Referencial. Nesse exato momento, estamos informando e indicando para você quais são os elementos de linguagem em uma comunicação mais formal e culta, usando a 3º Pessoa do singular e plural como ponto. 

4. Função Fática

  • Elemento da comunicação: CONTATO ou CANAL

O intuito dessa função é estabelecer um contato ou um canal de comunicação físico e psicológico e testá-lo, para garantir que ainda esteja estabelecido. Geralmente, são utilizadas marcas linguísticas, de tom de voz e repetição para fazer com que ela funcione. 

  • Exemplo:

Dentro dessa função se encontra, por exemplo, os iniciadores de diálogo:

“Oi!”

“Como você está?”

“Está tudo certo?”

“Bom dia!”

Diversas vezes, ao fazer isso, nossa intenção não é de fato desejar que a pessoa tenha um bom dia ou saber se a pessoa está bem. Esses recursos são usados como uma mera formalidade para começar uma conversa que tem outras intenções. 

Depois que o diálogo está estabelecido, precisamos ter certeza que o canal ainda está aberto. Nesse caso, começamos a marcar com o tom de voz ou palavras do tipo:

“(…), viu?”

“(…), né?”

“(…), entende?”

Ao final, utilizamos marcadores para indicar que o contato será interrompido:


“Falo com você depois!”

“Até mais tarde!”

“Tchau”

5. Função Metalinguística

  • Elemento da comunicação: CÓDIGO

Como sabemos, o código é uma ferramenta que se mistura com a definição de linguagem em algum ponto. Logo, a função metalinguística serve para usar a linguagem para falar sobre a própria linguagem. É muito utilizada para explicar algo sobre a própria utilização da linguagem e para definições, como na fórmula “x é y”. 

  • Exemplo:
Meme com função Metalinguística

No meme acima, a graça contida em sua tirinha está na consciência das personagens em que elas estão dentro de uma ilustração e que elas sabem da utilização dos códigos de comunicação nesse caso. 

Na tirinha, a indicação de comunicação se dá por meio de balões de fala e diálogos. O fato da personagem não saber diminuir a fonte com a qual se escreve para fazer com que sua fala caiba dentro do balão diz respeito diretamente ao código, provocando risos exatamente por mudar da função que é esperada que seja referencial para a metalinguística. 

Em outras palavras, o foco da tirinha é falar sobre o formato da tirinha e como ela é construída, obtendo humor da quebra de expectativa. Outra imagem que representa completamente é o meme a seguir:

Meme com função metalinguística 2

Essa imagem também quebra com o referencial e a expectativa da cena triste apresentada, para introduzir uma dúvida banal em relação ao código. Afinal, é uma dúvida comum da maioria das pessoas que tentam escrever a palavra. 

6. Função Poética

  • Elemento da comunicação: MENSAGEM

Por fim, temos a função poética, quando a comunicação tem o seu foco voltado diretamente para a mensagem, ou seja, para o quê e como se diz. Dentro dessa função, é comum brincar com as formas, os sons e como se dá a expressão de sentido do que é dito. É por isso que poesias e textos literários se encontram contemplados por essa função. 

O objetivo dessa função é romper tanto com a forma “comum” e direta de se transmitir a informação nas outras funções quanto com o padrão sonoro, brincando com os diversos sentidos de uma mesma mensagem e seus sons.

  • Exemplo:

A música “Baião do Mundo”, dos Tribalistas, é um excelente exemplo disso. Eles utilizam bastante a aliteração, um recurso linguístico que se dá pela repetição de sons de consoantes. Confira:

“Água pra mim um pingo d’água

Traga pra mim um pingo d’água

Água que mina um pingo d’água

Traga pra mim um pingo d’água

Vem, Cantareira

Canta na calha

Abre a torneira e chora

Vem, bebedouro

Purificador

Me dê um gole agora”

Baião do Mundo, Tribalistas

No transcorrer da canção, eles estão falando sobre a água enquanto um bem e da sua importância (especialmente considerando que o título, “Baião do Mundo”, faz referência à cultura da região nordeste do Brasil, em que a falta de água é uma questão séria devido ao clima e ao ecossistema). 

Na música, eles imitam o som da água em diversas formas usando os sons das consoantes. Por exemplo, o som do pingo de água caindo é simulado com “Pingo d’água”,“traga”, “canta”, “calha” “cantareira”, enquanto o da água escorrendo pelo som da palavra “chora”, ainda fazendo uma brincadeira com o sentido de chorar, que é cair água dos olhos. 

Essa união dos sentidos cria uma mensagem nova e complexa, com diversos sentidos e bastante profundidade. 

Aprender tanto os elementos da comunicação quanto as funções em que eles são focalizados é uma ação importante para compreender como funciona nosso processo de comunicação, a fim de refletir sobre ele e aplicá-lo quando precisamos analisar, interpretar ou até mesmo criar algo.

Esse conhecimento pode lhe ser útil em diversas áreas, especialmente se você trabalha com Marketing. Afinal, conhecer e saber usar grande parte das facetas dessa fantástica ferramenta que é a comunicação é uma vantagem incrível para qualquer campanha bem sucedida. 

Agora que você aprendeu sobre os elementos da comunicação e suas funções, que tal descobrir um pouco sobre o Letramento Digital? Esse pode ser outro importante conceito para sua jornada profissional!

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