Muito raramente conseguiremos abordar um assunto que trata acerca dos arquétipos sem trazer o psiquiatra suíço Carl Jung para a conversa. Afinal, o teórico foi a pessoa que primeiro trouxe o conceito de arquétipos diretamente para sua teoria acerca da personalidade humana. Dessa forma, ao abordarmos arquétipos para Marketing e Storytelling, primeiro devemos conhecer os arquétipos junguianos.
Tais arquétipos são conhecidos por serem mais primordiais, além de fundamentarem teoricamente outros arquétipos que viriam posteriormente. Porém, por serem mais elementares, eles costumam também serem um pouco mais complicados de se compreenderem.
No entanto, não precisa se preocupar! Preparamos um conteúdo bem simples, criado para descomplicar essa teoria e fazer com que você a compreenda por completo, aplicando-a em suas estratégias de Storytelling, Marketing, ou até mesmo para sua vida cotidiana! Logo, confira os assuntos abordados a seguir:
- O que é um Arquétipo?
- Quem foi Carl Jung e qual sua importância para a teoria dos arquétipos?
- O que são os arquétipos junguianos?
- Por qual razão os arquétipos junguianos são importantes para o Storytelling?
- Quais são os arquétipos principais de Jung?
- Quais os outros 12 arquétipos do Storytelling?
- O que é um personagem arquetípico?
- 3 exemplos de arquétipos junguianos na Literatura e no cinema!
- 3 Formas de usar arquétipos junguianos no seu Storytelling!
Boa leitura!
O que é um Arquétipo?
Como estamos falando de arquétipos junguianos, é essencial que compreendamos sua definição de acordo com o próprio Carl Jung.
Jung foi um psiquiatra que se dedicou ao estudo do inconsciente, ou seja, uma parte de nossa mente que não temos acesso enquanto estamos acordados. Segundo ele, existiriam dois tipos de inconsciente: o pessoal — que guardamos experiências e informações obtidas durante o dia a dia —, e o coletivo, que contém ideias e imagens que são comuns e compartilhadas para toda a humanidade.
Dentre essas imagens, estão aquelas que são bastante fundamentais, que são usadas como modelo para a criação de diferentes representações, independentemente da cultura ou sociedade. Isso é o arquétipo.
Você pode não conhecer todas as representações de um arquétipo — até porque elas são infinitas — mas você certamente conseguirá se relacionar e reconhecê-lo de alguma forma. Esse é o poder do arquétipo. É por isso que Jung costumava chamá-las de “imagens primordiais”, pois elas estão lá desde sempre e foram transmitidas de geração em geração.
Quem foi Carl Jung e qual sua importância para a teoria dos arquétipos?
Como já falamos, Carl Jung foi um famoso psiquiatra suíço. Ele ficou bastante conhecido por conta de seu apoio ao mentor Sigmund Freud, considerado pai da psicanálise e um dos precursores da psicologia moderna. Apesar de trabalharem juntos até certo ponto, ambos se separaram por certas discordâncias em como enxergavam a construção da personalidade humana.
Isso fez com que Jung se distanciasse da psicanálise e começasse sua própria vertente, a psicologia analítica. Ambas teorias consideram a existência e importância do inconsciente, no entanto, a do psiquiatra suíço foi um pouco mais além, apresentando o inconsciente coletivo.
O estudo e pesquisa do inconsciente coletivo, por meio da análise antropológica de diversas culturas, sociedades e eventos históricos fez com que Jung fosse capaz de identificar essa estrutura psíquica denominada arquétipo, possibilitando a criação da teoria dos arquétipos.
O que são e de onde vêm os arquétipos junguianos?
Os arquétipos junguianos podem ser definidos como essas imagens primordiais e universais que são derivadas desse reservatório comum e abstrato que é o inconsciente coletivo.
Eles são compostos por conhecimentos não especificados que estão presentes desde o nascimento e que são frutos da trajetória humana como um todo, sendo transmitidos hereditariamente. Logo, eles são moldados por meio da cultura, da história e de experiências pessoais.
Essas imagens fundamentais se expressam na vida das pessoas por meio de representações, que são atualizadas de acordo com o contexto histórico e social em que estamos inseridos.
Podemos usar como exemplo o arquétipo da Grande Mãe. Já nascemos e reconhecemos em nossa mente, desde o primeiro momento, a figura que representa o sentimento materno. No entanto, a representação de mãe muda conforme o tempo e o contexto em que se insere. Pensemos, por exemplo, na figura da madrasta dos contos de fadas e de Gaia, a titã que gerou a vida na mitologia grega. São duas formas completamente distintas de representar o sentimento materno, mas com traços semelhantes derivados do mesmo arquétipo.
Por qual razão os arquétipos junguianos são importantes para o Storytelling?
Como Carl Jung atuava diretamente na área da saúde mental, como psiquiatra, sua formulação teórica foi toda voltada a tentar desvendar as nuances mais abstratas do comportamento humano. Jung acreditava que cada pessoa era uma soma de fatores de diversos arquétipos, porém sempre teria um ou outro que se sobressairia. Isso dependeria de fatores que são colocados a partir das influências culturais e experiências pessoais de cada pessoa.
Por conseguinte, é possível observar e reconhecer diretamente a existência desses arquétipos no comportamento das pessoas. No entanto, não demorou muito tempo para que esses arquétipos fossem identificados em toda a extensão da cultura e da produção artística, uma vez que muitas vezes o desejo dessas obras é representar e reproduzir o comportamento humano em um ambiente fictício.
Dessa forma, mesmo em uma simples e inocente narrativa contada despretensiosamente por uma criança é possível reconhecer a existência dos arquétipos, pois existe uma tendência natural a criarmos personagens e relações nas narrativas que sejam relacionáveis a seres humanos.
Com o conhecimento dos arquétipos, somos capazes de potencializar uma história a fim de direcionar uma determinada intenção para as pessoas ouvintes. Isso significa que conseguimos fazer com que essas pessoas realizem ações a partir da comoção gerada por uma história contada. Essa estratégia, que se encaixa dentro das técnicas Storytelling, somente é possível por entender qual é o arquétipo que a pessoa precisa se identificar no momento.
Isso é especialmente útil para pessoas que querem encantar uma audiência com uma narrativa ou para marcas que querem se estabelecer e ganhar a simpatia de um determinado público.
Os arquétipos junguianos são fundamentais nessas estratégias, uma vez que eles representam os mais básicos que estruturam nossa personalidade. Compreendê-los é saber como configurar esses elementos em narrativas que são bastante relacionáveis a uma audiência.
Quais são os arquétipos principais de Jung?
Durante sua trajetória, Jung listou diversos arquétipos. No entanto, 4 deles são mais proeminentes quando relacionados à personalidade humana:
Persona
Máscara utilizada no teatro Grego para representar a figura de Zeus.
Persona é uma palavra de origem latina que denota, literalmente, “máscara”. Na Grécia antiga, as pessoas contavam histórias e apresentavam peças dramáticas com a utilização de máscaras. Cada máscara representava uma característica, e isso já fazia com que o público soubesse a personalidade de cada personagem antes mesmo da peça começar, facilitando o reconhecimento e a simpatia.
O arquétipo da persona utiliza máscaras como metáfora pois segue a mesma lógica das peças. Ao nos apresentar socialmente, precisamos vestir “máscaras” que façam com que haja aceitação e fácil reconhecimento. Além de uma característica da personalidade, ainda é um instinto de sobrevivência.
- Como aparece no Storytelling: A persona pode ser expressa em uma personagem que, de tanto utilizar suas “máscaras” sociais, acabou se perdendo e agora não mais sabe como definir-se. Essa é uma grande questão envolvendo o arquétipo da persona, inclusive na vida real. Logo, em estratégias de Marketing, apresentar a história de um produto que é capaz de fazer com que a pessoa identifique sua verdadeira essência pode ter bastante apelo para pessoas que ainda estão aprendendo a lidar com o arquétipo da Persona em sua personalidade, como adolescentes.
Sombra
A sombra recebe esse nome por ser algo que nós não queremos que seja colocado “sob o holofote”. Representa tudo aquilo que acreditamos que não nos será útil para a sobrevivência em sociedade, tendo as normas e regras morais como parte expressiva de sua essência.
A sombra representa as ideias, desejos, instintos e fraquezas que não são possíveis de apresentar à sociedade. Como uma forma de negar essa parte de nós mesmos, nós a colocamos no fundo do nosso inconsciente pessoal, onde não temos acesso. Apesar disso, toda pessoa possui uma sombra.
- Como aparece no Storytelling: Quando nossa cabeça quer representar a sombra de alguma forma, geralmente em nossos sonhos, ela escolhe criaturas não-humanas (por conta da relação muito enraizada humanidade = civilização) que são bastante temidas, como dragões, monstros e cobras. Dentro de narrativas, essa escolha também é bastante recomendada quando o assunto é apresentar os dilemas morais da personagem protagonista.
Animus/Anima
Jung acreditava que o gênero — para além do que a gente conhece socialmente — teria uma vertente muito forte instintivamente em nosso inconsciente coletivo. Logo, ele identificou uma imagem arquetípica feminina em pessoas que se reconhecem a partir do gênero masculino, a ânima, e uma masculina em pessoas que se reconhecem a partir do gênero feminino, o animus.
- Como aparece no Storytelling: Durante muito tempo, a sociedade ocidental em que estamos incluídos demarcou fortemente papéis de gênero, denominando o que era masculino e o que era feminino. Normalmente, esse arquétipo aparece em narrativas de personagens que conseguem “compreender” melhor o gênero oposto a partir de um evento inusitado, derrubando um pouco essa demarcação tão rígida e demonstrando que muitas situações não precisam de rótulos como “para homens” ou “para mulheres”.
Self ou Si mesmo
Esse é um dos arquétipos mais complexos e de difícil compreensão e identificação dentro os arquétipos junguianos. Isso porque ele também é o mais abstrato e conseguimos compreendê-lo melhor inconscientemente. O Self é a tendência ao todo. Isso significa que ele representa a unicidade, a união de forças opostas que se juntam para se tornar algo superior, assim como a tão difundida imagem de Yin e Yang.
Dentro da nossa personalidade, Jung acredita que o Self é o resultado do balanço de todas as nossas forças psíquicas, ou seja, o equilíbrio entre todos os nossos sentimentos e impulsos que são contraditórios. Quanto mais a pessoa se autoconhece, maior é seu nível de individuação, para Jung.
- Como aparece no Storytelling: O Self é bastante difícil de ser expressado e reconhecido em histórias por conta de sua tamanha complexidade. No entanto, normalmente aparece como a figura de monges ou de bastante sabedoria, que fornecem um pouco de equilíbrio para os defeitos impulsivos da personagem protagonista. No entanto, não podemos confundi-la com o arquétipo do sábio ou do pai.
Outros Arquétipos
- Grande mãe: Acolhimento e conforto, associado a sentimento de familiaridade.
- Pai: Figura autoritária e severa, porém ligada à educação.
- A criança: Ligada à figura de inocência, renascimento e salvação.
- A donzela: Associada à inocência, pureza e desejo.
- O herói: Aparece na figura de um campeão ou que serve para defender.
- O sábio: Figura mais velha que sempre traz um ensinamento ou lição.
- O Trickster: Ligado à enganação, manipulação, esperteza, geralmente um causador de problemas.
Quais os outros 12 arquétipos do Storytelling?
Após a formulação dos arquétipos junguianos, outras pessoas providas dessa informação contribuíram na identificação de mais arquétipos que são bastante reconhecíveis em processos de contação de histórias, como no cinema, literatura, marketing, etc.
Com isso, foi se consolidando a ideia de 12 arquétipos que são normalmente associados à Jung pela proximidade entre as teorias. Vamos conhecer um pouco sobre esses 12 arquétipos que não são exatamente junguianos:
- O Herói: É o personagem que está a frente de uma jornada, que normalmente não era prevista. As características desse personagens incluem valentia, forte senso moral e a necessidade de proteger outros personagens mais fracos. Se encaixam bem na figura de líderes e servem de inspiração. Um exemplo é Luke Skywalker, de Star Wars.
- O Rebelde: Personagem conhecido por ter um passado trágico que fez com que não mais jogasse dentro da lei. Assim como o herói, esse personagem tem uma jornada própria, mas intencional. Normalmente, eles estão em uma ambivalência muito grande entre fazer as coisas certas pelos motivos errados e vice e versa. Também são bastante valentes mas possuem um temperamento complicado. Robin hood é um bom exemplo deste arquétipo
- O Mago: O personagem do mago nem sempre está associado à feitiçaria, ele só precisa fazer parecer que é de tão habilidosamente que age. Essa força pode ser inclusive intelectual. Apesar de carismáticos, podem parecer arrogantes. Um ótimo exemplo de um mago clássico é Sherlock Holmes.
- O Amante: para o amante, relacionamento é a base de tudo, seja romântico, familiar ou de amizade. Esses personagens querem viver todos os prazeres da vida e o maior medo deles é terminar sozinhos. Isso pode levá-los a fazer sacrifícios em nome do amor, como Romeu e Julieta.
- O Louco: o objetivo desse personagem é ser a alegria onde estiver por meio do riso. São personagens que fazem coisas inesperadas e normalmente são alívio cômico, porém, são utilizados para falar verdades incisivas nos momentos certos. Eles conhecem todo mundo, mas ninguém os conhece de verdade, pois se escondem por trás de máscaras. O gênio, de Aladdin, é um exemplo.
- O Cuidador: se assemelha muito ao arquétipo da Mãe, apesar de poder ser um personagem de qualquer gênero e idade. Esse personagem serve para dar conforto e apoio, independente do que aconteça. Suas características são generosidade e compaixão. Miss Honey, a professora do filme Matilda, é um ótimo exemplo.
- A pessoa comum: São personagens honestos, autênticos e vivem em uma rotina comum. São bastante apegados à realidade e expressam problemas palpáveis encontrados na realidade. Costumam ser bastante simpáticos, apesar de se perderem um pouco em meio à multidão. Arthur Dent, de O Guia do Mochileiro das Galáxias cumpre bem esse papel.
- O Soberano: Esse personagem é bastante flexível. Ele tem bastante poder e seu maior medo é perdê-lo. Isso pode fazer com que seja um tirano temido ou um mandante respeitado e amado. Darth Vader é um exemplo desse personagem.
- O Criador: o criador é uma pessoa de bastante criatividade. Normalmente na pele de uma pessoa inventora ou artista, esse personagem serve para inventar coisas para trazer ordem ao mundo. Tendem a ser perfeccionistas e seu maior medo é se perder no mundo, sem trazer o impacto que tanto desejam. Tony Stark, o Homem de Ferro, é um exemplo de criador.
- O Sábio: O sábio é um personagem que parece saber de tudo. Ele parece ter todas as respostas e pensa em tudo minuciosamente. No entanto, seu problema é que ele passa tanto tempo pensando que muitas vezes não consegue tomar as devidas ações. Querem continuar aprendendo e saber o segredo por trás de tudo. Dumbledore, de Harry Potter, é um exemplo de Sábio.
- O Inocente: muitas vezes, o personagem do Inocente vem em uma figura infantil. Suas maiores características são a bondade, a inocência e a positividade. Sempre enxergam o que há de mais belo nos outros e querem um final feliz. Normalmente não conseguem enxergar a realidade como cruel, por não terem passado por nenhum trauma. Podem ser enganados com facilidade. Um ótimo exemplo é a Branca de Neve.
- O Explorador: o personagem do arquétipo do Explorador é aquele que quer experienciar de tudo e mais um pouco. Eles querem sempre ampliar sua realidade e estar em contato com diferentes culturas. São motivados e independentes. Seu maior medo é ficar trancafiado em algum lugar, sem liberdade para viajar. A Ariel, de A Pequena Sereia, encaixa-se perfeitamente no arquétipo do explorador.
O que é um personagem arquetípico?
Personagens arquetípicos são personagens construídos em torno de um arquétipo com a intenção de evitar que sejam planos. Um personagem plano é um personagem previsível que não apresenta ambiguidades e dilemas na sua construção, e, por consequência, se torna rapidamente pouco interessante para uma audiência.
Como o arquétipo é uma ideia primitiva que tem raízes nas nossa própria personalidade, é muito mais simples utilizá-lo para tornar um personagem mais verossímil e identificar o que ele poderia fazer na sequência.
Mesmo utilizando um mesmo arquétipo, ainda é possível construir muitos personagens arquetípicos diferentes, com diferentes motivações, narrativas e histórias. Por exemplo, temos os heróis Frodo, de Senhor dos Anéis, Super-Homem e Harry Potter. Cada um deles representa um personagem baseado no arquétipo do Herói, mas cada qual com suas particularidades.
3 exemplos de arquétipos junguianos na Literatura e no cinema!
Como estamos falando sobre arquétipos junguianos, vamos trazer alguns exemplos comuns para mostrar como os principais arquétipos de Jung foram utilizados em filmes, livros ou obras. Confira:
Persona — Conto “O espelho” de Machado de Assis.
Quando a questão é falar sobre a “alma externa”, o escritor brasileiro Machado de Assis foi incisivo. Em “O espelho”, ele conta a história de Jacobina, de 45 anos, que em uma conversa com os amigos defendia que há duas almas, a exterior e a interior.
Para provar seu ponto, ele se baseou em uma história de quando era mais jovem e conseguiu um posto militar na Guarda Nacional. Rapidamente, ele foi reconhecido por isso em sua família, recebendo a atenção e orgulho de todas as pessoas, que o chamavam de “Sr. Alferes”, sua posição. Como presente, colocaram um enorme espelho em seu quarto para que pudesse se admirar.
Conforme o desenrolar do conto, o personagem conta que precisou ficar sozinho na casa por uma série de eventos. Sem mais ninguém para reconhecer sua patente, ele não mais conseguia se reconhecer, não sendo capaz nem mesmo de reconhecer sua própria imagem no espelho. Ele somente conseguia se enxergar de novo se colocava sua farda.
Esse é um exemplo de personagem que perdeu sua essência por tornar-se demais sua Persona. O arquétipo da Persona está sendo utilizado de maneira explícita em Jacobina.
Sombra — Harry Potter
Como já foi dito, Harry Potter é um personagem arquetípico que carrega em si a essência do arquétipo do herói. No entanto, o Herói tem como muito forte seus valores e a moral, o que indica que haverá um confronto com sua sombra cedo ou tarde, e isso é muito explícito em Harry Potter.
No primeiro filme/livro, ao chegar na escola de Magia e bruxaria de Hogwarts, Harry é colocado para que o chapéu seletor, um artefato mágico, decida para qual “casa” ele deverá ir. A casa é selecionada de acordo com as características de cada pessoa.
O chapéu seletor rapidamente começa a tentar Harry, tocando em sua ambição. Ele quer enviá-lo para a casa “Sonserina”, que é onde estão todos os personagens antagonistas da trama. É uma casa conhecida por ser manipuladora, enganadora e ambiciosa, em que as pessoas fazem qualquer coisa para conseguir o que desejam. O símbolo da casa é uma cobra. O Chapéu diz que vê feitos grandiosos de Harry nessa casa. Posteriormente, descobriremos que o maior rival de Harry foi de tal casa.
Como todo bom herói, Harry resiste à tentação, sendo enviado à Grifinória, a casa dos “heróis”. No filme seguinte, Harry está investigando a existência de uma câmara secreta que contém um basilisco, uma espécie de cobra que é capaz de matar somente com o olhar. Harry mata a cobra com a ajuda da espada do herói que fundou sua casa. Essa morte simbólica da sombra representada como cobra pode ser interpretada como Harry enfrentando e rejeitando seu lado sombrio.
Animus/Anima — Mulan
Mulan é um grande exemplo do arquétipo Animus, uma vez que ela resiste aos valores morais e tradicionais de sua sociedade para salvar seu pai e, eventualmente, toda a China. Porém, para fazer isso, ela teve que colocar para fora toda a sua essência masculina, presente no arquétipo do Animus. Somente assim ela pode ser respeitada e lutar na guerra ao lado de outros homens.
3 Formas de usar arquétipos junguianos no seu Storytelling!
Vamos conferir na prática como podemos utilizar esse conhecimento tão estrutural para compor nossas histórias e narrativas? Lembre-se que você pode se valer também dos arquétipos de personagem apresentados anteriormente! Veja agora três modelos de histórias que podem ser criadas a partir dos arquétipos junguianos:
1. Foque em um arquétipo e conte sua história;
Nesse caso, você pode escolher um arquétipo e explorar todas as facetas de suas características. Por exemplo, suponhamos que você tenha decidido falar da Persona, um personagem que frente à sociedade é de uma forma mas, quando está sozinho, se transforma em outra completamente diferente. Ou até mesmo da sombra, em que uma personagem precisa identificar e enfrentar uma personificação de sua sombra (como acontece em “O Médico e o Monstro”, por exemplo.
2. Escolha 2 Arquétipos e crie um enredo para 1 personagem;
Nesse caso, você pode escolher 2 arquétipos para o mesmo personagem, contando como foi o desenvolvimento dele de um para outro. Pode ser que você tenha um personagem que se identifique com O Inocente, por exemplo. Depois de um encontro com sua Sombra, ele acaba se tornando um Rebelde. São diversas as possibilidades de combinação de arquétipos para criar uma narrativa.
3. Escolha 3 arquétipos diferentes e dê um enredo comum
Aqui temos um caso clássico. Diversas narrativas famosas utilizam esse tipo de recurso, como o próprio Harry Potter, As Meninas Super Poderosas, Star Wars, etc. Quanto mais diferentes forem os arquétipos combinados, mais recursos você terá para trabalhar o enredo. A única coisa importante é lembrar-se de criar uma motivação em comum para que todos os três personagens busquem o mesmo objetivo.
Esperamos que você tenha conseguido compreender um pouco mais sobre os arquétipos junguianos e como esse poderoso conhecimento pode agregar bastante profundidade para a construção de personagens, eventos e acontecimentos dentro de nossas narrativas de Storytelling. Quando mexemos nessa fonte de imagens primordiais, desbloqueamos um mundo infinito de possibilidades, logo, podemos utilizá-las a nosso favor, seja para escrever um livro ou para traçar a estratégia de Marketing de um novo produto no mercado.
Continue em nosso blog e conheça agora um pouco sobre 4 cidades que estão se preparando para o futuro!