Dados são informações registradas ou gravadas em algum meio que são utilizadas para ações como discussões, análises, comparações, cálculos ou tomadas de decisão. Esse tipo de recurso se tornou indispensável atualmente, na Indústria 4.0, e é um dos fatores que move a economia global. Pensando nisso, com a quantidade absurda de dados que são gerados a cada instante, como utilizá-los e transmiti-los de uma forma eficaz e que aproveite todo seu potencial? Uma dessas maneiras é o Storytelling com Dados.
Essa prática já foi incorporada por diversas empresas de todos os tipos de portes, de todas as partes do mundo, de muitas maneiras diferentes. Em um ponto de vista bastante geral, ela pressupõe a organização desses dados em uma estrutura lógica que se assemelha a uma narrativa, ou seja, uma história. Como esse método de entretenimento tem sido eficaz durante séculos — quiçá até mesmo milênios — podemos utilizá-la para informar e gerir informações de forma mais eficaz.
Embarque nessa jornada e descubra essa técnica chamada Storytelling com Dados. Neste texto, explicaremos minuciosamente o que significa o termo, quais seus elementos, exemplos já realizados e como você pode fazê-lo desde já! Tudo isso está disposto nos tópicos que você pode conferir a seguir:
- O que é Storytelling?
- O que é Storytelling com dados?
- Por que Storytelling com dados é eficaz?
- Quais são os três elementos chave do Storytelling com dados?
- Quais os benefícios do Storytelling com dados?
- Conheça o livro Storytelling com dados!
- Como contar uma história com dados? 5 passos!
- Storytelling com dados é o futuro do storytelling?
- 2 exemplos de storytelling com dados!
Tenha uma excelente leitura!
O que é Storytelling?
Storytelling pode ser definido sucintamente como um conjunto de técnicas e habilidades que podem ser utilizadas ao contar uma história com o intuito de fazer com que uma audiência tome uma determinada ação. É uma tática utilizada em estratégias de Marketing, palestras ou outros eventos que requerem despertar emoções em uma plateia.
É importante não confundir Storytelling com a ação de contar histórias, apesar de muitas pessoas o definirem assim. Contar histórias é uma competência inata do ser humano que existe possibilitada pelo desenvolvimento da linguagem. Até mesmo crianças pequenas utilizam recursos para contar histórias menos complexas, para se ter uma noção de como essa ação está presente em nossas vidas desde cedo.
O Storytelling participa mais de um estudo lógico da utilização da linguagem e de recursos persuasivos, muito presentes dentro do grande guarda-chuva que é a retórica ou oratória. Esses últimos podem ser descritos como o estudo aprofundado do uso da linguagem e do discurso.
O que é Storytelling com dados?
Atualmente, aumenta a necessidade de pessoas analistas de dados em empresas, que são responsáveis por filtrar uma grande massa de informações implementando algoritmos e outros cálculos matemáticos. No entanto, tudo isso se torna ineficaz se não existir o outro lado da moeda, ou seja, como transmitir esses dados de maneira efetiva. E para isso serve o Storytelling com Dados.
Podemos definir, portanto, Storytelling com Dados como a habilidade de transmitir insights gerados a partir de dados utilizando narrativas e recursos visuais. Dessa forma, essas informações são colocadas dentro de um contexto e parâmetros que farão com que sejam melhor compreendidas.
Esse recurso é utilizado tanto internamente, como para passar informações sobre dados obtidos para pessoas colaboradoras da empresa, ou externamente, para engajar audiências e clientes.
Por que Storytelling com dados é eficaz?
Esse casamento entre narrativas e dados não surgiu por acaso. Muito apesar do nosso cérebro estocar e processar informações como um banco de dados, a forma como eles fazem isso é bastante diferente. É de conhecimento comum que nosso cérebro prefere narrativas e sequências lógicas para recordar informações do que simplesmente dados soltos, uma vez que esses últimos podem não passar pelo seu crivo quando ele decide o que vamos ter de memória a longo prazo e o que será descartado para sempre.
O motivo para essa predileção é que a história engaja atividade cerebral em diversas partes, como a amígdala — responsável pelo processamento emocional —, a área de Wernicke no córtex cerebral esquerdo — que é responsável pelo processamento da linguagem em nível escrito e falado, entre outros. Quando esse movimento acontece, existe uma chance adicional do Hipocampo (parte cerebral que auxilia na memória de curto prazo) converter essa memória em uma de longo prazo.
Em palavras mais simples, uma história bem contada faz com que diversas áreas do cérebro trabalhem, aumentando a chance daquele momento ser gravado na memória de quem presencia.
Logo, utilizar técnicas de Storytelling com Dados ajuda a fixar aquela informação tanto nas pessoas que trabalham com você, quanto nas pessoas clientes que consomem ou utilizam o produto da sua empresa.
Quais os três elementos chave do Storytelling com dados?
Para que a técnica de Storytelling com Dados seja efetiva, é necessário atentar-se para três componentes principais, dos quais, sem eles, não será possível aplicá-la. Vamos conhecer cada um dos componentes a seguir:
1. DADOS
Evidentemente, para contar uma história com dados você precisa de… DADOS! Sim, os dados são essenciais pois eles forjarão a estrutura principal da sua narrativa. Caso sua tentativa de contar histórias com dados falhe, boa parte da razão pode ser proveniente de dados não lapidados, analisados ou relevantes o suficiente.
Para que dados sejam bem aproveitados, primeiramente eles devem passar por um filtro, sendo analisados de todas as formas possíveis. Adicionalmente, eles devem ter relação uns com os outros. Do contrário, difícil será contar uma história a partir deles.
2. ENREDO
Estamos falando de contar uma história. Uma história jamais poderá ser considerada uma história sem uma sequência de acontecimentos interligados que possuem um objetivo comum, que é chegar ao clímax. Isso é o enredo. Obviamente, o enredo criado com dados não será tão literal quanto ler um livro ou contar uma anedota, logo esse componente deve ser explorado por completo.
Mesmo que não haja o “desenho” de uma narrativa tradicional oral ou escrita, a ideia e a sensação lógica de uma narração deve estar presente. A audiência deve ser capaz de compreender suas intenções e para onde você está tentando conduzir a mensagem por meio dos dados. Para isso, deve existir um momento “ahá”, em que tudo começa a se encaixar e fazer sentido.
3. REPRESENTAÇÃO VISUAL
Como dissemos nos tópicos anteriores, teremos dados e um enredo para contextualizar nossas informações, mas como exatamente transmitiremos isso se não é pela literatura? A resposta é: representações visuais! Em prol de ilustrar e coesionar sua narrativa, você deve utilizar recursos visuais que conversem com os dados coletados. Estamos falando de gráficos, imagens, vídeos, diagramas, etc.
Quais os benefícios do Storytelling com dados?
Dentre os benefícios da utilização do Storytelling com dados, o principal é seu objetivo, que é fazer com que uma informação seja efetivamente guardada e motive alguém a completar uma ação. Para além desse benefício, podemos citar também outros, que são:
- Capacidade de interpretar e organizar dados que são complexos, permitindo destacar quais são os pontos mais importantes para as pessoas espectadoras;
- Contribuir valiosamente para a indústria e mercado do seu setor;
- Contribuir com insights que podem proporcionar um diferencial no mercado;
- Dar uma abordagem mais humana para a gestão de dados.
Conheça o livro Storytelling com dados!
O livro Storytelling com Dados: um guia sobre visualização de dados para profissionais de negócios é um dos principais guias no assunto. A autora, Cole Nussbaumer é especialista em contar histórias com dados no ambiente empresarial, como ela mesma aponta em seu blog sobre o assunto.
A autora constrói um guia demonstrando como o Storytelling com Dados pode ser a ferramenta ideal para perceber que os dados reunidos muitas vezes não são utilizados ou compreendidos em seu máximo potencial. Nussbaumer apresenta técnicas e dicas que têm como foco uma tomada de decisão mais acertada por meio de sua orientação de dados.
Caso você deseje se aprofundar no assunto e aplicar com maior propriedade o que está sendo explicado nesse texto, o livro apresenta uma excelente e simples abordagem sobre Storytelling com Dados.
Como contar uma história com dados? 6 passos!
Vamos agora aprender, na prática, como podemos incorporar a técnica de Storytelling com Dados em nossas reuniões, estratégias de Marketing, etc. Antes disso, é importante deixar bastante explícito que não existe uma única forma de contar uma história. Isso significa que não tem fórmula pronta que dará certo em todos os contextos específicos e imagináveis. Para isso, será necessário sensibilidade, criatividade e visão da pessoa que estará responsável por isso.
Primeiramente, vamos analisar o que precisamos definir normalmente, ao contar uma história usando dados:
- Personagens: Assim como em uma história, você precisa de personagens como protagonistas, antagonistas, etc. Obviamente, eles não se apresentarão como os heróis e heroínas dos filmes de ação. Normalmente, podem ser um público-alvo de determinada faixa etária, um grupo de pessoas investidoras ou até mesmo a equipe de trabalho. É importante posicionar que, apesar de definir isso, esse grupo não precisa necessariamente estar explícito em sua apresentação, a depender do contexto.
- Contexto: é a situação para qual os dados foram coletados e organizados. Se o motivo é entender, por exemplo, o que consomem jovens de 19-22 anos e qual o perfil dessa faixa etária atualmente, você pode ilustrar com exemplos e gráficos o que foi coletado.
- Conflito: Destaque, aqui, qual o maior problema apresentado pelos dados. Geralmente, é o ponto de tensão entre o objetivo e o que os dados indicam. Também ilustre com recursos visuais.
- Resolução: Caso caiba, pense em uma proposta de resolução do conflito, com expectativa e projeção de resultados pautados em dados. Essa resolução pode ser algo a curto ou longo prazo.
Após ter em mente quais são esses elementos e quais deles são pertinentes utilizar a partir da nossa intenção com o Storytelling, podemos começar a trabalhar na nossa apresentação.
PASSO 1: Formule uma teoria
Tudo começa com uma predição ou ideia. Geralmente, temos um insight sobre algo que é o pontapé inicial para coletar os dados, que pode ser uma categoria ou alguma característica em comum que eles compartilham. Logo, o que exatamente você quer demonstrar ou provar? Qual é seu ponto? O que você espera que a informação coletada demonstre para você? Todos esses parâmetros devem ser pensados previamente e estabelecidos.
PASSO 2: Colete informação
Como já dissemos, não existe Storytelling com Dados sem dados consistentes e pertinentes. Logo, essa etapa é a mais fundamental. Pesquise, filtre, analise e tire insights a partir dos dados coletados. Você pode contar com a ajuda de uma equipe especializada de pessoas especialistas, como analistas e detetives de dados.
PASSO 3: Defina um propósito
Esse é o momento em que a história ganha vida. A partir do que foi apresentado nos dados anteriores, pense em qual será o rumo de sua narrativa. Até onde você quer conduzir as pessoas espectadoras com esses dados? Qual seria a emoção que seria despertada com isso? Um bom indicativo de que você conseguiu definir um propósito ou um rumo para sua narrativa é caso você consiga descrever o objetivo dela em uma única sentença. Por exemplo: “Essa história visa demonstrar o quanto clientes se tornaram mais engajados ao longo do ano”.
PASSO 4: Faça perguntas
Lembra da teoria que você formulou no início? Está na hora de fazer perguntas e respondê-las. Qual foi o resultado da coleta de dados? Ela reforçou ou refutou a sua teoria inicial?
Lembre-se de ter certeza de que você está olhando para os dados em uma totalidade e não somente para os dados que provam que sua teoria está certa. Dados pertinentes não são sinônimos de dados que corroboram sua teoria. Utilize dados relevantes, mesmo que eles não concordem com o que você diz, para compor sua narrativa.
PASSO 5: Defina um “Call to Action”
Você deve pensar na ação que você quer que seja realizada ao final da sua história. Você deseja que as pessoas se motivem? Que elas consigam aumentar as vendas? Que elas tenham mais ideias de produtos? Seja o que for, você deve definir isso e criar uma “chamada para a ação”, em que as pessoas são impelidas a cumprir com esse objetivo.
PASSO 6: Traduza em informação visual
Chegou o momento de reunir todo o planejamento e transformá-lo em narrativa. Você precisa fazer com que todos esses dados sejam compreensíveis de maneira rápida e instintiva. Porém, como você pode fazer isso? Você deverá utilizar a técnica que melhor se adequa ao contexto. Pode ser um vídeo, um email, gráficos, fluxogramas… O importante é que haja uma linha narrativa e que a informação seja apresentada de maneira dinâmica, interativa e explícita.
Storytelling com dados é o futuro do storytelling?
Não é possível afirmar que Storytelling com Dados é o futuro do Storytelling, uma vez que essa prática já está por aí há algum tempo, sendo representada de outras maneiras e com outros nomes. No entanto, podemos afirmar que Storytelling com Dados pode ser, sim, o futuro da análise e ciência de dados.
De acordo com uma pesquisa do mercado de trabalho estadunidense, a tendência é que até 2030 a demanda para pessoas analistas desse ramo cresça em, pelo menos, 25 por cento. Enquanto lá fora isso já é uma realidade, aqui não é muito diferente. Em breve, mais e mais companhias começarão a incluir habilidades como Storytelling com Dados nos requisitos para essas vagas, demonstrando a importância delas para a área.
Com isso, é bem provável que Storytelling com Dados faça um grande impacto nos próximos anos no ramo de análise de dados, pois, ao adicionar o fator humano a algo que normalmente é gerenciado por máquinas ou inteligência artificial, será possível traduzir e tornar compreensível determinadas informações para contextos e grupos diversos.
2 exemplos de storytelling com dados!
1. Spotify
O Spotify é um dos maiores e mais famosos exemplos de Storytelling com Dados voltado a pessoas usuárias, uma vez que, de tempos em tempos, ele apresenta uma coleção de informações relevantes em forma de narrativa visual. No final de cada ano, ele apresenta o “Wrapped” ou “Retrospectiva”, em que são apresentadas quantas horas de músicas foram ouvidas no total, quais foram as músicas mais escutadas pela pessoa, os podcasts preferidos, o artista mais tocado, e outras categorias.
O Spotify utiliza uma narrativa como “premiação”, semelhante ao Oscar ou Golden Globe, em que categorias são criadas e que é mostrado um resultado personalizado para cada pessoa.
Além da retrospectiva, ele criou também outras formas de contar narrativas, como o “Match”, em que você poderia comparar o quanto você é compatível com outra pessoa de sua preferência. Ao final, ele gerava automaticamente uma playlist com músicas que ambas as pessoas ouviam.
2. Globoplay
De maneira semelhante, o serviço de streaming da Globo também investe em Storytelling com Dados para engajar clientes. Diferentemente do Spotify, o serviço utiliza mail marketing, compartilhando informações relevantes como o serviço mais assistido do mês, as horas consumidas, programas e episódios finalizados.
Ao final, ele ainda gera algumas conquistas para incentivar as pessoas a assistirem mais conteúdos e coletarem outras nos seguintes meses. O email também demonstra quais são as novidades na plataforma.
Agora que você conhece Storytelling com Dados, suas apresentações e divulgação de informações serão ainda mais completas e eficazes. Há muita possibilidade de que essa técnica esteja cada vez mais presente no futuro da análise de dados, tanto que algumas empresas já a pedem como requisito em alguns cargos.
Portanto, se você tem interesse nessa área, não deixe de estudar cada vez mais e aprofundar-se no assunto. Como é uma área ainda muito nova, existe uma grande probabilidade de que ela esteja com bastante demanda em um futuro próximo.
Você aprendeu bastante sobre Storytelling com dados, certo? E você já conhece a teoria dos arquétipos, que tem grande utilidade no Storytelling e diversas áreas? Confira aqui!