A empresa de cibersegurança Ensign InfoSecurity anunciou um novo programa para contratar profissionais com autismo. Desenvolvido em parceria com o Autism Resource Centre (ARC) de Singapura, o projeto foca nas habilidades cognitivas específicas desses candidatos, como a capacidade de reconhecer padrões e de compreender conceitos espaciais.
O objetivo principal da colaboração, segundo a empresa, é criar oportunidades de carreira ao identificar e treinar indivíduos adequados para a indústria. Por enquanto, o programa já resultou em três contratações.
O ARC é uma organização sem fins lucrativos que, desde 2000, oferece apoio a crianças e adultos autistas. A parceria com a Ensign tem como foco ajudar a desenvolver um programa de contratação para profissionais neurodiversos que apresentam fortes habilidades cognitivas.
Algumas dessas competências incluem alta capacidade analítica, visualização 3D e elevado nível de concentração. De acordo com a Ensign, essas características tornam os indivíduos um “natural fit” para a área de cibersegurança.
Treinamentos especializados
Até o momento, o programa já recrutou três profissionais, que, após a seleção, participaram de treinamentos que englobam noções básicas de TI, redes e fundamentos de cibersegurança.
Os candidatos ainda receberam treinamentos especializados e mais complexos, incluindo operações gerenciadas pelo Security Operations Centre (SOC), em que aprenderam algumas técnicas e procedimentos para lidar com vetores de ataque.
Os profissionais aprovados no processo seletivo assumiram cargos de analistas de SOC, com um deles afirmando que o programa permitiu que eles aprendessem a monitorar e analisar ameaças de segurança, além de alertar os clientes sobre o surgimento de alguma atividade suspeita.
As três contratações representam apenas o início do projeto. De acordo com a Ensign, o objetivo é contratar até 16 profissionais neurodiversos anualmente. Para isso, a estratégia adotada pela empresa será lançar o programa quatro vezes ao ano.
Neurodiversidade
Os planos da Ensign para diversificar o seu quadro de funcionários também incluem metas a longo prazo. Segundo a empresa, a expectativa é que os profissionais neurodiversos representem cerca de 2% a 3% da força de trabalho total.
Para garantir a eficácia e continuidade do programa mesmo após as contratações, a companhia afirma ter lançado uma estratégia estruturada em toda a organização para auxiliar os profissionais a se adaptarem e integrarem com seus colegas de trabalho.
A ARC parece disposta a continuar com o apoio à iniciativa, afirmando que espera que programas como o da Ensign sirvam de exemplo para outras empresas do setor de tecnologia e cibersegurança, de modo que elas possam aproveitar o potencial dos indivíduos com autismo.
Além de oferecer oportunidades a esses profissionais, a Ensign reconhece que a própria empresa poderá se beneficiar com a criação de equipes mais diversas. A neurodiversidade no ambiente corporativo é capaz de introduzir novas ideias para ajudar no desenvolvimentos de estratégias, serviços e soluções, por exemplo.
Outras iniciativas da Ensign incluem contratar profissionais em meio de carreira de outras indústrias e encorajar mais mulheres a ingressarem no setor de cibersegurança. Segundo a empresa, isso faz parte da estratégia para garantir a inovação e manter-se sempre um passo à frente de ameaças emergentes de cibersegurança.