Uma pesquisa conduzida pela Kellogg School of Management da Northwestern University utilizou inteligência artificial para coletar big data associada a artistas, cineastas e cientistas e entender a “fórmula mágica” de seu sucesso.

O que os pesquisadores descobriram foi um padrão comum em que o auge da carreira é resultado direto de anos de exploração (“exploration”, conforme descreve a pesquisa) seguidos imediatamente de anos de aproveitamento (“exploitation”).

O termo “exploração” foi utilizado no artigo, publicado na revista Nature, para descrever o estudo de diferentes estilos ou tópicos. Já o “aproveitamento” refere-se ao foco em uma área específica para desenvolver uma expertise mais profunda. 

O estudo foi inspirado pela trajetória de Van Gogh. Em 2018, a equipe já havia publicado um artigo caracterizando os períodos de sucesso em carreiras artísticas, culturais e científicas. No entanto, os pesquisadores queriam entender a causa por trás disso.

Assim, ao visitar o Van Gogh Museum, em Amsterdam, um dos autores do estudo percebeu que o artista teve uma ruptura importante entre 1888 e 1890, quando ele se afastou dos seus trabalhos realistas e passou a adotar o estilo impressionista, ganhando fama com obras como “A Noite Estrelada”. 

Como a inteligência artificial foi aplicada no estudo

A equipe de pesquisadores desenvolveu métodos computacionais, como algoritmos de deep-learning, para analisar grandes conjuntos de dados associados à carreira de artistas, cineastas e cientistas. 

No caso dos artistas, os algoritmos de reconhecimento de imagem coletaram dados de 800.000 obras de museus e galerias de autoria de 2.128 artistas, incluindo Jackson Pollock e Van Gogh. 

O auge da carreira de Pollock foi entre 1947 e 1950, período em que ele se aproveitou da famosa técnica de gotejamento que ele havia desenvolvido. Conforme o estudo identificou, essa exploração da técnica seguida do uso constante dela (“aproveitamento”) resultou nos três anos de sucesso do artista. 

Para analisar o trabalho de cineastas, os pesquisadores coletaram conjuntos de dados do site Internet Movie Database (IMDb), que incluíam 79.000 filmes de 4.337 diretores. Por fim, o estudo analisou a carreira de 20.040 cientistas por meio da coleta de dados sobre publicações e citações do Web of Science e do Google Scholar. 

A partir dessas informações, a equipe utilizou inteligência artificial para quantificar um período de sucesso durante a carreira de cada indivíduo com base no impacto dos trabalhos produzidos. Esse impacto foi medido a partir de preços das obras em leilões, classificações no IMDb e citações de artigos acadêmicos. 

O passo seguinte foi correlacionar o período de sucesso com a trajetória criativa dos profissionais. Para isso, os pesquisadores analisaram os quatro anos anteriores e posteriores ao auge da carreira a fim de entender como as produções mudaram nesses intervalos.

A fórmula mágica do sucesso

Com o auxílio da inteligência artificial, os autores do estudo concluíram que o segredo para o sucesso dos indivíduos analisados é a experimentação combinada à implementação. Quando um episódio de exploração não foi seguido de aproveitamento, a chance de um período de sucesso foi reduzida significativamente. 

Por outro lado, apenas o aproveitamento — ou seja, sem a exploração prévia — também não foi suficiente para garantir um auge na carreira. No entanto, quando a exploração foi seguida de aproveitamento, a probabilidade de sucesso aumentou de forma consistente e significativa.

Ainda de acordo com a pesquisa, um período de sucesso costuma durar cerca de cinco anos. Após isso, os indivíduos deixam de seguir qualquer padrão de exploração ou aproveitamento.

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