O governo indiano deu mais um passo importante para construir uma rede de reconhecimento facial integrada na cidade de Hyderabad, a capital do estado de Telangana. O alerta foi feito pela organização sem fins lucrativos (ONG) Anistia Internacional, que criticou a iniciativa.

A cidade, com quase 7 milhões de habitantes, começará em breve a construir um Centro de Comando e Controle (CCC) que vai conectar todas as câmeras de reconhecimento facial da cidade em um único local, permitindo análise das imagens em tempo real.

Conectar todas as câmeras terá um efeito inédito, visto que um estudo da Internet Freedom Foundation aponta que Hyderabad possui o maior número de projetos de reconhecimento facial em toda a Índia.

“Hyderabad está prestes a se tornar uma cidade de vigilância total. É quase impossível andar na rua sem arriscar a exposição ao reconhecimento facial ”, disse Matt Mahmoudi, pesquisador de IA e Big Data da Anistia Internacional.

A expectativa é de que o CCC será capaz de processar imagens de até 600 mil câmeras simultaneamente, com a possibilidade dessa capacidade se expandir ainda mais no futuro, para outras regiões da Índia. 

Estas câmeras serão usadas em conjunto com softwares de reconhecimento facial já em uso por autoridades policiais na região, o que dará amplos poderes para a polícia monitorar indivíduos, diz a Anistia.

Ao redor do mundo, tecnologias de reconhecimento facial estão sob escrutínio público por conta de seu mau uso. 

Hyderabad está prestes a se tornar uma cidade de vigilância total. É quase impossível andar na rua sem arriscar a exposição ao reconhecimento facial.

Recentemente, citando preocupações com direitos de seus usuários, a Meta (controladora do Facebook, WhatsApp e Instagram) informou que apagaria dados de reconhecimento facial de mais de 1 bilhão de usuários.

A decisão da empresa de tecnologia foi amplamente elogiada por ativistas de direitos digitais. Mas enquanto a iniciativa privada recua, governos continuam a investir pesado no reconhecimento facial.

As críticas têm sido especialmente direcionadas a governos de países mais autoritários, como a China, que usa tecnologia de reconhecimento facial para monitorar minorias étnicas.

No caso da Índia, a preocupação é de que autoridades policiais abusem da tecnologia. Entre novembro de 2019 e julho de 2021, a polícia local foi vista em diversas situações parando civis e obrigando-os a remover as máscaras para posar para fotos, e também colhendo duas digitais. Isto seria um indicativo de que estão construindo um banco de dados.

“As autoridades da Índia têm um longo histórico de uso de tecnologia de reconhecimento facial em contextos onde os direitos humanos estão em jogo, com exemplos recentes incluindo a aplicação de medidas de confinamento do COVID-19, identificação de eleitores em eleições municipais e policiamento de protestos”.

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