A Meta anunciou que está se preparando para realizar cortes de gastos no Reality Labs, a divisão da empresa que está no centro da estratégia para redirecionar o seu foco para produtos de hardware e o metaverso. A informação foi confirmada por uma porta-voz da companhia na quarta-feira (11).

O comunicado foi feito durante uma sessão perguntas e respostas realizada semanalmente com funcionários do Reality Labs. De acordo com Andrew Bosworth, que ocupa o cargo de Chief Technology Officer do departamento, a expectativa é que as mudanças sejam apresentadas em uma semana.

Apesar de não terem sido revelados muitos detalhes, a porta-voz da Meta confirmou o discurso de Bosworth de que o departamento não possui mais condições financeiras de realizar todos os projetos previstos, sendo necessário adiar alguns deles. 

O executivo não chegou a especificar quais projetos seriam afetados. Já a porta-voz da companhia afirmou que a Meta não planeja reduzir a equipe de funcionários como parte dessas mudanças que ainda serão anunciadas. 

Diminuir o ritmo

A notícia surge em um momento em que a Meta enfrenta uma crise capaz de ameaçar a sua posição de maior empresa de mídias sociais do mundo. No início deste ano, o Facebook apresentou uma queda no número de usuários, o que resultou em uma queda nas ações da companhia também. 

Logo da empresa Meta.
A Meta prometeu aos investidores no mês passado que iria reduzir os custos previstos para 2022.

Diante desse cenário preocupante, a Meta prometeu aos investidores no mês passado que iria reduzir os custos previstos para 2022. A decisão havia sido anunciada pelo próprio Mark Zuckerberg, que ainda afirmou que iria investir em ferramentas de inteligência artificial para aprimorar os sistemas de recomendações e anúncios.

Segundo o CEO da Meta, a companhia pretende “diminuir o ritmo” de alguns investimentos de longo prazo em áreas como sua plataforma de negócios, infraestrutura de inteligência artificial e Reality Labs.

Em relação aos números, o total de gastos esperados para 2022 era algo em torno de US$ 90 bilhões e US$ 95 bilhões, mas a empresa acabou reduzindo o valor para um intervalo entre US$ 87 bilhões e US$ 92 bilhões. 

Embora a empresa não planeje reduzir sua equipe, os cortes de custos afetarão o processo de recrutamento. Ainda na semana passada, a Meta anunciou que reduziria as contratações para cargos de nível médio e sênior. 

Resultados a longo prazo

O Reality Labs surgiu da divisão de realidade virtual Oculus, sendo que o novo departmaneto engloba todo o trabalho da empresa realizado nos campos de realidade aumentada, óculos inteligentes, dispositivos de videochamada Portal e soluções tecnológicas para corporações. 

Desde então, a Meta tem realizado investimentos significativos nessa divisão. Um dos projetos inclui o chamado “Project Cambria”, um headset de realidade mista com o rastreamento do rosto e olhos que foi apresentado por Zuckerberg em uma publicação no Facebook. 

A estratégia da Meta é que os investimentos nessas áreas posicionem a empresa como porta de entrada para o metaverso, que Zuckerberg acredita ser o sucessor da internet móvel. 

Por esse mesmo motivo, a companhia alterou o seu nome em outubro do ano passado, como uma forma de reforçar as suas intenções em focar no metaverso. A empresa também iniciou um intenso processo de recrutamento, contratando 13 mil profissionais para o Reality Labs no ano passado e mais 6 mil no primeiro trimestre deste ano.

Zuckerberg já afirmou estar consciente de que se trata de um investimento a longo prazo e que poderá levar uma década para o metaverso começar a gerar lucros. Ainda assim, os números são preocupantes, uma vez que o Reality Labs já perdeu US$ 10,2 bilhões em 2021 e outros US$ 3 bilhões no início deste ano.

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