A presença de profissionais mulheres em setores majoritariamente masculinos está ganhando cada vez mais fôlego. Já é possível vê-las ocupando espaços que antes eram apenas dos homens. A área de Tecnologia da Informação é uma das que vem registrando aumento no índice de participação das mulheres. Apesar de ainda representarem apenas 20% dos profissionais de tecnologia no Brasil, nos últimos cinco anos o crescimento das mulheres na área de TI cresceu 60%, passando de cerca de 28 mil para quase 45 mil em 2019, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O aumento da participação feminina no setor acompanha a tendência de crescimento do segmento. O mercado de TI é, atualmente, um dos que mais abrem vagas de trabalho no mundo. Com a pandemia, o desenvolvimento do comércio eletrônico, a migração para o trabalho remoto e a adaptação das empresas à nova realidade fez aumentar a necessidade de contratação desses profissionais.
“Há muita escassez de mão de obra na área de tecnologia. Semanalmente, recebemos diversas ofertas de vagas e temos dificuldades em indicar estudantes pois a quase totalidade de nossos alunos, mesmos os de níveis iniciais, já estão empregados. São oportunidades no mercado de trabalho que independem de gênero e que não podem ser ignoradas”, destaca José Maurício Carré Maciel, coordenador do curso de Engenharia de Computação da Universidade de Passo Fundo (UPF), acrescentando que a maioria das vagas – cerca de 80% dos postos de trabalho – ainda é ocupada por homens.
Desmistificar a presença de mulheres na TI é fundamental
Na UPF, os professores dos cursos de Ciência da Computação, Engenharia de Computação e Análise de Desenvolvimento de Sistemas incentivam as alunas a seguirem na área.
“As discussões sobre da igualdade de gênero em TI têm ocupado e recebem merecido destaque em todo o mundo, assim, se faz necessário e é fundamental que todos conheçam e discutam este tema”, enfatiza Alexandre Zanatta, professor do Instituto de Ciências Exatas e Geociências (Iceg/UPF), ressaltando que a igualdade de gênero é um objetivo transversal na agenda 2030 para desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Uma delas é Eduarda Cristina Pissolatto, de 20 anos, estudante de Engenharia de Computação da UPF. Ela conta que se interessou pela área ainda no Ensino Médio, quando teve contato com estudos de robótica, mas percebeu a ausência de mulheres no setor quando entrou na faculdade.
“Já era do meu conhecimento que não haviam muitas mulheres na área de TI e, realmente, quando ingressei no curso presenciei essa realidade, assim como atualmente presencio no mercado de trabalho”, comenta.
Eduarda acredita que a desmistificação do tema é importante e diz que se inspira ao ver as mulheres alcançando seus objetivos na carreira de TI.
“As mulheres têm mostrado o seu potencial na TI, tanto ocupando cargos muito importantes e relevantes em empresas conhecidas, quanto trazendo novas soluções para esta área”, afirma.