O avanço da digitalização de dados e informações ocupa cada vez mais espaço em todos os setores de produção. Com isso, cresce também a demanda por profissionais da área. Na agricultura, os programadores já são essenciais para o desenvolvimento de soluções tecnológicas que otimizam operações e resolvem problemas no campo. O trabalho é feito por meio da criação de softwares e aplicações a partir de instruções específicas dadas ao computador por meio da linguagem da programação. 

Segundo uma pesquisa publicada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 84% dos agricultores brasileiros usam pelo menos uma tecnologia como ferramenta de suporte. 

“Com a popularização de inovações tecnológicas e a ampliação da conectividade rural, essa transformação deve avançar ainda mais. Nesse contexto, é justamente o programador que servirá como elo técnico capaz de desenvolver soluções de acordo com as necessidades dos produtores e gestores rurais”, comenta Tarcísio Mello, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da divisão de Agricultura da Hexagon, empresa que desenvolve e fornece tecnologias para o campo.

O desenvolvedor web Mateus Conceição acredita que o agronegócio ainda tem muitas oportunidades e demandas na área de tecnologia que não foram supridas. 

“A tecnologia tem grande potencial de crescimento nesse segmento. Cada melhoria traz grandes benefícios para os clientes. Economia, produtividade, sustentabilidade, por exemplo, são alguns deles. 

Um levantamento da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação de Tecnologias Digitais (Brasscom) confirma a tendência. Os dados estimam que, para suprir a necessidade do setor tecnológico em geral seria necessária a contratação de 70 mil profissionais por ano, em média, até 2024. 

No agronegócio, um dos setores que teve menor impacto com a crise causada pela Covid-19, o número de contratações de TI cresceu 30% no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período de 2020, de acordo com um estudo da consultoria de Recursos Humanos Michael Page. 

As empresas apontam que a escassez de profissionais tem como causas principais a falta de qualificação e da busca pela capacitação contínua.

“Um dos principais desafios do programador é estar em constante aprendizagem, buscando compreender novas tecnologias e soluções inteligentes”, aponta o programador Mateus Barcelini, da área de P&D da Hexagon.

Interdisciplinaridade

Com a importância da agricultura para a economia do país, há cada vez mais investimentos focados na pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias para o setor.  

“Sempre que vou apresentar as demandas e os requisitos para o time de programadores, tenho buscado gastar um tempo para contextualizar o trabalho do ponto de vista do negócio para o qual ele se destina. Quero que eles tenham em mente não apenas a missão de criar um botão em uma tela qualquer, mas que eles saibam como esse botão se insere na realidade do usuário final — que pode ser desde um motorista de trator até um analista de negócios”, diz Tarcísio Mello, o gerente de P&D da divisão de Agricultura da Hexagon.

Mateus Barcelini é um exemplo da valorização dessa interdisciplinaridade. Antes de entrar na Hexagon, ele já havia trabalhado em uma usina de açúcar e álcool como analista de sistemas, o que auxiliou na compreensão dos processos. “Uma dica para quem quer trabalhar na área é sempre se manter atualizado nos métodos e fluxos do agronegócio. Como o assunto é bem abrangente, é importante que se tenha o conhecimento necessário para entregar produtos melhores”, enfatiza.

Para o programador Mateus Conceição, que não teve contato com a área antes de trabalhar na divisão de Agricultura da Hexagon, “é um desafio entender algumas demandas do setor devido à falta de conhecimento e vivência do campo e suas especificidades, mas os gestores estão sempre tentando diminuir essa lacuna, garantindo que nossos produtos satisfaçam as necessidades dos clientes”.

Embora os conhecimentos agrícolas não sejam uma obrigação profissional, a expectativa das empresas é que os programadores aprendam sobre o setor e criem a cultura de se informar e se interessar. “Temos percebido o valor disso nos resultados. As chances de retrabalho são muito menores, pois há um entendimento das demandas e dos contextos que envolvem as entregas”, pontua o gerente de P&D, Tarcísio Mello.

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