A tecnologia de realidade aumentada ainda é algo relativamente novo e, embora suas aplicações mais populares sejam no campo do entretenimento, ela pode ser extremamente útil em situações de trabalho.
A NASA, por exemplo, vem testando o recurso para auxiliar astronautas em atividades de manutenção dos equipamentos a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).
Batizado de T2 Augmented Reality (T2AR), o projeto visa mostrar como a tripulação pode inspecionar e reparar os aparelhos utilizados para pesquisa e para manter os astronautas saudáveis de forma mais autônoma, sem o auxílio das equipes baseadas na Terra.
Primeiros testes a bordo da ISS
O primeiro teste foi realizado por Soichi Noguchi da agência espacial japonesa JAXA. Sua tarefa era realizar a manutenção da esteira de exercícios utilizada pela tripulação. As instruções para o processo de inspeção geralmente estão disponíveis em formato PDF para serem acessadas de um tablet ou computador.
O problema é que segurar um dispositivo com as instruções e manejar ferramentas ou uma lanterna ao mesmo tempo em um espaço apertado pode ser desafiador. É aí que entra a realidade aumentada, permitindo que tarefas como essa sejam executadas com mais autonomia.
No caso, Noguchi utilizou os óculos Microsoft HoloLens e um novo software desenvolvido pela NASA. Assim, ele foi capaz de seguir as instruções passo a passo sem a necessidade de uma tela extra.
Durante essa demonstração da tecnologia, o astronauta recebeu as direções em 3D do local exato em que a tarefa deveria ser realizada. O dispositivo ainda respondeu aos comandos de voz de Noguchi para que ele pudesse explorar as instruções.
Além das informações apresentadas em forma de texto, o sistema forneceu materiais complementares, como vídeos explicativos, para auxiliar durante o procedimento.
O projeto T2AR não é exatamente pioneiro em utilizar a realidade aumentada na ISS. Ele é um sucessor do projeto Sidekick, conduzido em 2016. Na época, o teste do HoloLens foi feito pelo astronauta Scott Kelly.
Após a tarefa conduzida por Noguchi, os astronautas Thomas Pesquet, da Agência Espacial Europeia (ESA), e Megan McArthur, da NASA, também testaram como a realidade aumentada pode ser utilizada na ISS.
Realidade aumentada e exploração espacial
De acordo com o plano de demonstração da tecnologia de realidade aumentada na ISS, a expectativa é que sejam conduzidos mais nove sessões de testes.
O exercício de manutenção realizado na esteira foi apenas o passo inicial. Em breve, o dispositivo será utilizado para diferentes atividades na estação espacial. Os objetivos principais são aprimorar a eficiência da tripulação e garantir que as tarefas sejam conduzidas com precisão.
De olho no futuro, a realidade aumentada poderá ter aplicações muito mais ambiciosas, como auxiliar em missões à Lua e Marte.
Considerando que a ISS está a cerca de 402 quilômetros acima do nosso planeta, os atrasos na comunicação entre a estação e a Terra são quase imperceptíveis.
No entanto, isso pode representar um problema em futuras missões para explorar a Lua, que está a uma distância de aproximadamente 306 mil quilômetros, e Marte, a quase 4 milhões de quilômetros.
Nesses casos, a realidade aumentada pode exercer um papel fundamental para que as tarefas sejam conduzidas de forma independente pelos astronautas, sem depender das instruções enviadas por equipes na Terra.