Funcionários terceirizados da Meta, dona do Facebook, que deveriam retornar aos escritórios este mês, foram informados de que poderão continuar com o regime de trabalho remoto. A decisão foi anunciada após protestos realizados por moderadores de conteúdo da rede social e que são subcontratados pela Accenture.
Em dezembro, foi estabelecido que o retorno presencial estava marcado para o dia 24 de janeiro. No entanto, isso não se aplicava a todos os trabalhadores da empresa; apenas aos terceirizados. Ao tomarem conhecimento dessa diferença de tratamento, eles ameaçaram deixar seus cargos caso suas demandas de saúde continuassem a ser ignoradas.
No início desta semana, os Estados Unidos estabeleceram um recorde global ao registrar 1 milhão de casos de Covid-19 em um único dia, aumentando as preocupações em relação à nova variante ômicron.
Diante dessa situação e das pressões advindas dos próprios trabalhadores, a possibilidade de manter o regime home office acabou sendo estendida a todos. Quando o retorno presencial foi anunciado em dezembro, a Accenture havia recusado abrir exceções até mesmo para pessoas dos grupos de risco ou que cuidavam de familiares vulneráveis.
Enquanto isso, a Meta havia anunciado apenas algumas semanas antes que seus funcionários poderiam adiar seu retorno aos escritórios em três a cinco meses, o que gerou revolta entre os trabalhadores em relação a essa diferença de tratamento entre efetivos e terceirizados.
Medidas de segurança
A decisão da Accenture teria impactado um prédio com aproximadamente 400 pessoas, que são responsáveis por analisar e sinalizar conteúdos que devem ser removidos do Facebook. De acordo com esses funcionários terceirizados, os escritórios não possuem as condições necessárias para que o distanciamento social seja respeitado.
Embora os protocolos contra Covid-19 estabelecidos pela Accenture exijam que os trabalhadores mantenham uma distância de cerca de 1 metro entre si, as mesas estão posicionadas a apenas 300 metros uma da outra.
Outra preocupação é em relação aos elevadores, em que foi imposto o limite de quatro pessoas por vez. O problema é que não existe nenhuma outra opção para transitar entre os andares, visto que o acesso às escadas foi fechado, e essa regra do número máximo de indivíduos nos elevadores não está sendo supervisionada.
Para piorar a situação, o número de trabalhadores terceirizados que testaram positivo para Covid-19 era de 34 até o início desta semana. Em setembro, a empresa deixou de oferecer a licença remunerada de duas semanas para aqueles que foram infectados.
Auxílios e benefícios
A Accenture afirma que os trabalhadores com suspeita ou casos confirmados de Covid-19 têm acesso a uma série de benefícios e auxílios, incluindo licença remunerada, durante o período de recuperação.
No entanto, o que os funcionários relatam é que os processos envolvidos para solicitar esse apoio não são nada simples e nem funcionais. Eles descrevem o sistema de apoio oferecido pela Accenture como um ciclo que não leva a lugar algum.
Outra queixa apresentada pelos trabalhadores terceirizados é a falta de clareza sobre como alertar a empresa caso testem positivo para Covid. Além disso, eles não concordam com a recomendação da empresa de utilizar seus dias de férias para o período de recuperação.
Antes de a Accenture alterar sua política e permitir o adiamento do retorno presencial, diversos funcionários haviam expressado suas intenções de deixar a empresa caso a segurança dos trabalhadores continuasse a ser negligenciada.