O modelo de trabalho home office impulsionado pela pandemia da Covid-19 vem ganhando cada vez mais espaço. Se antes, o retorno ao trabalho presencial era tido como certo no mundo corporativo com a ampliação da vacinação, hoje muitas empresas já ampliam seus quadros com foco nas atividades remotas.

É o caso do Grupo Boticário, um dos maiores fabricantes de cosméticos do mundo, que já está contratando profissionais de todo o Brasil para vagas à distância. A área de tecnologia, por exemplo, já aumentou em cinco vezes o número de pessoas só em 2021. Cerca de 20% dos empregados já moram em cidades em que a empresa não tem escritório.

“Não é preciso estar em São Paulo ou Curitiba, podemos encontrar talentos em outros polos, como Fortaleza e Recife, que são referências em tecnologia, ou no interior. Isso traz diversidade, porque não obriga as pessoas a morarem nos grandes centros. Vamos aonde o talento está”, comenta Sandro Bassili, vice-presidente da companhia.

A valorização do trabalho remoto ganhou força também com o quadro de funcionários que já fazia parte da empresa. No início da pandemia, o grupo colocou 44% do quadro em home office e, hoje, mais de um ano depois da mudança, anunciou uma nova rotina para a equipe.

A companhia vai adotar três modelos de trabalho: presencial para os funcionários das fábricas, centros de distribuição e lojas físicas; home office permanente para empregados que não precisam de equipamentos da empresa e trabalho híbrido para quem precisa dos espaços corporativos em determinados momentos, como os setores de pesquisa e desenvolvimento e tecnologia.

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“Nossas conversas dentro de casa e os feedbacks que recebemos mostram que não dava para voltar a como era antes da pandemia. Precisamos de flexibilidade e temos que tratar as pessoas de acordo com suas diferenças”, avalia Bassili.

“Vamos tentar manter o melhor dos dois mundos, virtual e físico. Não perdemos colaboração, mas as pessoas sentem falta do olho no olho. Por isso, teremos momentos presenciais de encontro no pós-pandemia, como visitas à fábrica e reuniões de planejamento, por exemplo”, explica ele.

Empresa pede feedbacks semanais

Para medir a satisfação dos colaboradores com o dia a dia e as novas maneiras de trabalho, o Boticário faz pesquisas semanais em busca de feedbacks. Semanalmente, cerca de 6 mil pessoas respondem um questionário. Já foram colhidos mais de 75 mil retornos, sendo que de cada 20 respostas, 15 eram de líderes.

“Nada está escrito em pedra. Faremos os ajustes no modelo para acertar”, afirma o executivo.

De acordo com Bassili, o Boticário cuida para que as equipes que estão em home office tenham mais flexibilidade na tomada de decisões. Ele explica que o modelo de trabalho precisa seguir as exigências de cada área.

“Não dá para desassociar o modelo de gestão do modelo de trabalho. Se uma área está em trabalho ágil, a liderança tem que estar comprometida com os OKRs e com o trabalho assíncrono. Se uma área precisa de uma rotina mais rígida, como nas fábricas, a gestão tem que seguir isso. Não tem certo nem errado, são só modelos diferentes. Para funcionar, todas as engrenagens têm que estar encaixadas”, completou Sandro.

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