As geleiras da Groenlândia exercem um papel crucial no combate às mudanças climáticas, e agora um novo projeto propõe o uso da robótica para explorar a região subaquática desses locais.
A missão será liderada por pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, e está prevista para 2023. A ideia é explorar três geleiras da Groenlândia com um robô submersível.
Caso seja bem-sucedida, esta será a primeira vez que essa região, que é a segunda maior massa de gelo do mundo, poderá ser estudada em detalhes debaixo d’água.
O projeto conta com a parceria do Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI), que desenvolveu o veículo operado remotamente Nereid Under Ice (NUI). Capaz de sobreviver às águas cobertas por gelo, ele vai enfrentar icebergs e correntezas para se aproximar das geleiras e coletar dados e amostras do ambiente subaquático.
Elevação do nível do mar
O foco dos pesquisadores não será o gelo glacial em si, mas as paredes de areia naturais, também conhecidas como morenas ou moreias, que reforçam as geleiras. Acredita-se que elas são responsáveis por estabilizar o manto de gelo de forma natural, porém precária.
As descobertas feitas pelos cientistas a partir do experimento robótico poderá finalmente revelar o que está mantendo as geleiras em toda a extensão da Groenlândia, o que pode ser um passo essencial para projeções mais precisas sobre a elevação do nível do mar.
Segundo os pesquisadores, uma das maiores incertezas em relação à contribuição da Groenlândia para o aumento do nível do mar é a velocidade com que o manto de gelo perderá massa.
Afinal, a comunidade científica já tem conhecimento sobre a quantidade de gelo armazenada no manto e está consciente de que as mudanças climáticas estão afetando a região. No entanto, ainda resta saber a velocidade com que as geleiras vão contribuir para a elevação do nível do mar.
O projeto é financiado pela W.M. Keck Foundation, que apoia pesquisas no campo da ciência, engenharia e medicina.
Durante a missão, o objetivo dos cientistas será explorar três geleiras que estão localizadas na região oeste da Groenlândia e que vêm respondendo às mudanças climáticas de formas diferentes.
Desde o ano 2000, a geleira Kangilliup Sermia apresentou uma redução relativamente pequena, enquanto que a Umiammakku Sermiat sofreu uma perda de gelo acelerada antes de se estabilizar novamente em 2009. Por fim, a Kangerlussuup Sermia parece não ter sido afetada pelo aquecimento do planeta.
Missão marcada para 2023
O objetivo do robô NUI será explorar a região subaquática de cada uma dessas geleiras, mapeando a topografia do fundo do mar à medida que se desloca. Ao chegar ao destino final, os operadores do robô, que estarão em um navio de suporte nas proximidades, vão guiar o braço da máquina remotamente para coletar sedimentos das paredes.
O principal meio de comunicação do robô consiste em um cabo de fibra óptica de 16 quilômetros, que conecta a máquina ao seu navio de suporte, permitindo que os operadores controlem os braços e câmeras do NUI.
Se o cabo for danificado, o robô ainda poderá ser controlado por meio da acústica subaquática. No caso de todas as formas de comunicação falharem, o robô está programado para retornar automaticamente a um local de coleta.
A expectativa é que a missão seja realizada em meados de 2023. Segundo os pesquisadores, o propósito do NUI sempre foi criar um sistema capaz de projetar a presença humana em locais de difícil acesso para compreender melhor as mudanças que estão ocorrendo no planeta.