O Twitter divulgou os resultados de uma pesquisa realizada pela própria empresa que mostra que os algoritmos da plataforma amplificam tuítes e conteúdos de políticos e jornais de direita.

A limitação do relatório, no entanto, é que ele apenas confirma um problema que já vem sendo denunciado por alguns usuários. O Twitter afirma que, apesar de estar ciente do que está acontecendo, ainda não conseguiu identificar qual é a causa disso

A empresa diz que vários fatores podem influenciar os algoritmos, como as próprias ações dos usuários. Portanto, para tentar entender o que está por trás desse viés político, o próximo passo planejado é conduzir uma “análise de causa raiz”.

A estratégia inclui a criação de hipóteses que serão testadas sobre como as pessoas utilizam a plataforma. O objetivo é descobrir se essa amplificação desigual está sendo causada pela forma como os usuários interagem ou se é um problema do próprio algoritmo. 

Preferência dos algoritmos ou dos próprios usuários?

Para o estudo, o Twitter analisou milhões de publicações de políticos e centenas de milhões de tuítes com links para sites de notícias, sem considerar os tuítes dos próprios jornais. A pesquisa abrangeu sete países: Canadá, França, Alemanha, Japão, Espanha, Reino Unido e EUA.

O problema é que o feed da página inicial não é controlado por um único algoritmo. Existe todo um sistema que trabalha em conjunto e de forma complexa. 

Notebook na pagina inicial do Twitter.

Caso o estudo não identifique que o problema está na forma como o algoritmo foi criado, outro possível motivo seria o fato de que a direita consegue mobilizar melhor o apoio à sua ideologia.

O estudo analisou duas questões principais: se os algoritmos da timeline amplificam o conteúdo político de autoridades eleitas e se alguns grupos políticos receberam uma amplificação maior em relação a outros. 

Os resultados mostraram que em seis dos sete países analisados — a exceção foi a Alemanha — as publicações de políticos de direita tiveram um alcance maior que os de esquerda. Além disso, os veículos de notícias de direita também se destacaram na plataforma em relação aos de esquerda.

A empresa ainda afirma que não se baseou nos conteúdos publicados para tentar inferir as visões políticas de um usuário. Em vez disso, o Twitter utilizou fontes públicas e de terceiro, como sites oficiais de instituições, para identificar a filiação partidária.

Outro ponto ressaltado pela companhia é que a amplificação por algoritmos não é algo problemático em si, já que todos os algoritmos realizam essa função. O problema é quando passa a existir um tratamento preferencial causado pela forma como o algoritmo foi desenvolvido em vez de considerar as interações dos usuários. 

Transparência

Após a divulgação dos resultados, o Twitter pretende conduzir uma análise de causa raiz para determinar se existe a necessidade de realizar alterações para reduzir impactos negativos gerados pelos algoritmos da timeline. 

A recente divulgação do relatório é resultado de um esforço do Twitter anunciado em abril deste ano para estudar os algoritmos da plataforma e a sua contribuição em promover conteúdos danosos. 

Apesar de ainda não fornecer uma explicação sobre a causa dessa amplificação desigual, os resultados apresentados até agora são mais uma prova de que as acusações de o Twitter ser contra conservadores é falsa. 

A divulgação também ocorre em um momento significativo, em que o Facebook encara fortes críticas sobre a omissão dos resultados de seu relatório. Os documentos acabaram sendo vazados ao The Wall Street Journal, desencadeando uma série de controvérsias.

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