Em meio a uma onda de ataques da Rússia, a Ucrânia está recorrendo à comunidade hacker para solicitar ajuda a fim de proteger a infraestrutura do país, além de conduzir missões de espionagem contra as tropas russas.

Na quinta-feira (24), a Rússia iniciou seu plano de invasão à Ucrânia, com ataques em três frentes simultâneas que resultaram em pelo menos 137 mortes e milhares de pessoas fugindo do país.

No mesmo dia, algumas publicações solicitando voluntários começaram a aparecer em fóruns hackers. A mensagem dizia: “Comunidade cibernética ucraniana! É hora de se envolver na defesa cibernética do nosso país”.

Segundo instruções do post, hackers e especialistas em cibersegurança deveriam submeter sua candidatura pela plataforma Google Docs, listando suas especialidades, como desenvolvimento de malware, junto com referências profissionais.

Em declaração à agência de notícias Reuters, Yegor Aushev, co-fundador da empresa de cibersegurança Cyber Unit Technologies, disse que fez a publicação a pedido de uma autoridade do Ministério da Defesa ucraniano.

Localizada em Kiev, a empresa de Aushev já é conhecida por trabalhar com o governo da Ucrânia na defesa da infraestrutura crítica do país. 

Outra fonte diretamente envolvida na iniciativa também confirmou que o pedido veio do Ministério da Defesa. No entanto, ainda não há informações oficiais por parte das autoridades ucranianas.

Computadores simulando ataque hacker.
Hackers e especialistas em cibersegurança deveriam submeter sua candidatura pela plataforma Google Docs, listando suas especialidades, como desenvolvimento de malware, junto com referências profissionais.

Unidades defensivas e ofensivas

A estratégia planejada para a cibersegurança é dividir os voluntários entre unidades defensivas e ofensivas. A primeira delas ficaria encarregada de proteger a infraestrutura, como usinas de energia e sistemas hidráulicos do país.

A preocupação em proteger esses setores especificamente pode estar relacionada ao fato de que em 2015, quando a Ucrânia havia sido alvo de um ataque atribuído à Rússia, cerca de 225 mil cidadãos ficaram sem eletricidade. 

Já os voluntários atribuídos à unidade ofensiva, que estaria sendo organizada por Aushev, têm como objetivo principal ajudar as forças militares ucranianas a conduzirem operações de espionagem digitais contra as forças invasoras russas.

Após uma série de ataques cibernéticos consecutivos, um novo software destrutivo foi identificado circulando na Ucrânia na quarta-feira (23). Pesquisadores da empresa de cibersegurança ESET afirmam que centenas de computadores já foram afetados, sendo que as vítimas incluem agências do governo e instituições financeiras.

Assim como em ocasiões anteriores, a Rússia é a principal suspeita de promover esses ataques hackers não apenas contra a Ucrânia, mas direcionados a outros países também. Ainda assim, o país continua a negar as acusações. 

Reação tardia

Segundo declaração de Aushev à agência de notícias, a iniciativa de criar uma força militar cibernética foi implementada tardiamente. 

A Ucrânia já havia confirmado que não contava com nenhuma força militar dedicada a proteger o país contra as ameaças digitais, mas que o objetivo era criar uma ainda este ano.

Após receber centenas de aplicações, o desafio de Aushev agora será analisar cada um dos candidatos de forma a garantir que nenhum agente russo consiga se infiltrar nas operações. 

Enquanto isso, relatos desta sexta-feira (25) mostram que as forças russas continuam a avançar no território ucraniano, com novas explosões registradas em Kiev e a chegada das tropas na região metropolitana da capital.

Embora diversos países tenham anunciado sanções contra a Rússia, nenhuma nação anunciou planos para intervir com ações militares.

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