A Microsoft realizou uma pesquisa no Reino Unido que revelou que 51% dos funcionários optariam por deixar a empresa caso o trabalho híbrido fosse extinguido. De acordo com a gigante de tecnologia, isso mostra como a pandemia de Covid-19 fez com que esse modelo de trabalho deixasse de ser visto como um privilégio para se tornar um requisito.

O estudo foi conduzido pela empresa de pesquisa de mercado YouGov a partir de entrevistas realizadas com mais de 2.046 funcionários e 504 tomadores de decisões da área de Recursos Humanos no Reino Unido entre 7 e 15 de outubro deste ano.

É importante considerar que a pesquisa baseou-se em um cenário hipotético em que as empresas que atualmente adotam o trabalho remoto combinado com o presencial deixariam de oferecer essa flexibilidade e retornariam aos escritórios. Assim, não há como garantir que os trabalhadores, de fato, pediriam demissão caso isso ocorresse.                

Ainda assim, os números sinalizam que a opção do trabalho híbrido passou a ser considerado um elemento essencial na relação entre empresas e funcionários e em potenciais ofertas de emprego.

Desafios do trabalho remoto

Outro ponto levantado pela Microsoft na publicação em seu blog em que a empresa divulgou os resultados da pesquisa é que o trabalho 100% remoto também pode não ser a opção mais adequada.

Os dados coletados pela YouGov indicam que 36% dos trabalhadores no Reino Unido que começaram em um novo emprego após o início na pandemia passaram pelo processo de “on boarding” sem nunca terem visitado o escritório. 

Isso, por sua vez, gerou impactos negativos no aspecto social do trabalho. Cerca de 42% desses funcionários afirmaram que enfrentaram dificuldades para criar relações com novos colegas, 33% reportaram uma falta de direcionamento por parte dos gerentes e 24% tiveram problemas em aprender novos softwares e aplicações.

Pessoa sentada em uma mesa trabalhando com um computador.
A Microsoft realizou uma pesquisa no Reino Unido que revelou que 51% dos funcionários optariam por deixar a empresa caso o trabalho híbrido fosse extinguido.

Além disso, 23% dos entrevistados contratados durante a pandemia relatam que ainda não conseguiram ganhar a confiança dos seus colegas de trabalho, enquanto que 21% afirmam não se sentirem parte da cultura da empresa. 

Em relação aos profissionais da área de recursos humanos, 36% enfrentaram dificuldades para treinar novos funcionários, sendo que 35% declararam não sentir-se confiante de que os recém-contratados tiveram acesso às informações corretas.  

Apesar dessas adversidades, os responsáveis por tomar decisões no setor de RH acreditam que os benefícios do trabalho híbrido superam os custos. Cerca de 37% dos gerentes da área afirmam que o acesso às tecnologias adequadas tornou o processo de onboarding no modelo híbrido um desafio possível de ser solucionado. 

Somando-se a isso, o estudo mostra que 59% dos gerentes de RH concordam que a possibilidade de combinar o home office com o trabalho presencial tem gerado efeitos positivos no bem-estar mental dos trabalhadores.

Big Quit

O entusiasmo com o trabalho híbrido não significa que os funcionários iriam realmente pedir demissão caso o modelo híbrido deixasse de ser uma opção. Existem vários outros fatores e motivações individuais envolvidos, mas os dados ainda reforçam uma preocupação crescente dos últimos meses. 

Em partes da Europa e dos Estados Unidos, trabalhadores estão se unindo em um movimento chamado “Big Quit”, que envolve pedidos de demissão em massa como forma de exigir melhores condições de trabalho. 

Apenas em setembro deste ano, aproximadamente 4,4 milhões de pessoas deixaram seus empregos nos EUA para protestar. A expectativa é que a iniciativa não dure muito tempo, considerando que a economia de muitos países ainda está enfraquecida devido à pandemia. 

Por outro lado, gigantes de tecnologia como a Microsoft estão em constantes disputas com seus concorrentes por profissionais qualificados. O trabalho híbrido, portanto, pode ser um fator relevante para atrair talentos.

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