Dentro do universo do Storytelling e afins, é muito comum falarmos sobre arquétipos. Afinal, eles são fundamentais para construir uma narrativa que seja envolvente e que possa ser relacionável para as pessoas ouvintes.
No entanto, por ser um tema bastante complexo e de enorme abrangência, diversos arquétipos foram sendo criados para representar diferentes aspectos, o que pode acabar levando a possíveis interpretações que podem não ser tão assertivas. Um desses exemplos é o arquétipo da Cleópatra.
Muito utilizado por sites holísticos e esotéricos, o arquétipo de Cleópatra é visto como algo que pode ser utilizado em benefício próprio. No entanto, será que a interpretação de arquétipo, nesse caso, está correta? E, caso exista tal arquétipo, como podemos utilizá-lo em um contexto de storytelling? A resposta para essas perguntas e outras você encontra a seguir:
- O que é Arquétipo?
- Quem foi a Cleópatra?
- O que caracteriza o Arquétipo da Cleópatra?
- A Cleópatra pode ser considerada um Arquétipo?
- É possível usar o “Arquétipo da Cleópatra” no Storytelling?
Boa leitura!
O que é Arquétipo?
O conceito de arquétipo não é algo que possa ser traduzido em rápidas palavras. Sua densidade é tanta que compõe diversas áreas do conhecimento. Por conta disso, é muito comum encontrar esse conceito transmitido de maneira incompleta e, até mesmo, superficial.
A definição mais cabível é a do próprio teórico por trás da teoria dos arquétipos, Carl Jung. Ele definia arquétipos como imagens e temas que vinham de uma consciência compartilhada, ou seja, que todos nós temos em conjunto. Essa definição se assemelha bastante a de instintos, por exemplo. Apesar de não serem a mesma coisa, arquétipos se comportam de maneira instintiva.
Logo, os arquétipos são essas ideias pré-concebidas que são perpetuadas de geração em geração, e aparecem espontaneamente em sociedades e culturas distintas. Portanto, o significado dos arquétipos é universal, sendo passível de interpretação por qualquer pessoa em qualquer cultura.
Em síntese, então, podemos conceber arquétipos como imagens primordiais, que servem de base ou modelo para a criação de diferentes representações.
Quem foi a Cleópatra?
Cleópatra VII Thea Philopator nasceu em torno do ano de 70 ou 69 a.C. e morreu em Alexandria, no ano de 30 a.C. Foi uma figura histórica muito importante, conhecida como rainha do Egito, como amante do ditador romano Julius Caesar e esposa do cônsul Marco Antônio na República Romana.
Cleópatra se tornou rainha após a morte de seu pai, Ptolemeu XII, em 51 a.C. e reinou ao lado de seus irmãos e filho. Ela está envolvida em um dos maiores episódios dramáticos da história, ao cometer suicídio com Marco Antônio quando César Augusto derrotou seus exércitos e tomou o Egito como parte do território romano.
Sendo assim, ela foi uma figura muito importante e influente na política romana em um período crucial de sua expansão.
O que caracteriza o Arquétipo da Cleópatra?
Dentro do que se afirma em diversos sites pela internet, o arquétipo da Cleópatra representaria a sedução, o poder e o sucesso nos âmbitos profissionais e amorosos.
Como Cleópatra foi uma mulher que ocupou um lugar de poder na sociedade em que viveu, associa-se muito a estratégia, a força e a dominação à figura dela. Porém, como há muito drama envolvendo a forma como morreu, junto ao seu grande amor, também existe uma associação muito forte com relacionamentos, amor e luxúria.
Em contrapartida, Cleópatra também se associa a perigo, enganação ou agressividade, uma vez que se considera que ela, por todo seu poder, poderia fazer qualquer coisa para conseguir o que almejava.
A Cleópatra pode ser considerada um Arquétipo?
Devemos utilizar com muita cautela o conceito de arquétipos. Nem tudo se encaixa na definição original proposta por Jung e, como ele foi um dos primeiros teóricos a se aprofundar no termo, é errôneo não considerá-lo ao identificar um arquétipo.
Para isso, precisa ser criada uma distinção entre arquétipo e representação. Dentro das definições originais de arquétipo, não poderíamos inserir a imagem de Cleópatra. O motivo para isso é que ela não é uma imagem fundamental que surge espontaneamente em diversas culturas e é perpetuada.
No entanto, a Cleópatra pode ser considerada uma boa representação para alguns arquétipos mais fundamentais.
Para quais arquétipos a Cleópatra poderia ser uma representação?
O arquétipo mais evidente que pode ser uma possível origem para a representação criada em torno da figura de Cleópatra é um dos arquétipos tradicionais junguianos: a anima. Esse arquétipo é a personificação da feminilidade.
A anima é um arquétipo conflituoso, que se apresenta tanto de uma forma benévola e bondosa, quanto de uma traiçoeira. Para esse último, no qual se encaixa Cleópatra, se dá o nome de “femme fatale”, em que há uma mulher poderosa que não medirá esforços para ter o que deseja, inclusive seduzir, enganar e matar. Outra personagem que é uma forte representação é Dalila, das histórias bíblicas.
Outro arquétipo possível para a narrativa de Cleópatra é a dos Amantes. Assim, como Romeu e Julieta, Cleópatra e seu grande amor Marco Antônio tiveram um fim trágico. Ainda, há outros arquétipos no qual ela se encaixa, como o Arquétipo do Soberano e o Trickster.
É possível usar o “Arquétipo da Cleópatra” no Storytelling?
Qualquer arquétipo real é passível de ser utilizado para compor uma narrativa dentro de técnicas de Storytelling. Como dissemos que a Cleópatra é melhor apresentada como uma representação do que um arquétipo, podemos conseguir utilizar os arquétipos citados acima para criar uma proximidade com a figura da Cleópatra.
Um exemplo é utilizar um personagem que é fundamentado no arquétipo do soberano, que tem traços de Amante e que é uma femme fatale. Essa ideia ainda pode ser aplicada para personagens masculinos, apesar de ser, em essência, um arquétipo de representação feminino.
De qualquer forma, o arquétipo da Cleópatra pode não ser exatamente um arquétipo, mas é um modelo de personagem bastante interessante para se utilizar em estratégias de marketing, por exemplo, instigando o empoderamento feminino. Geralmente, é um tipo de narrativa que funciona bem para produtos que envolvem o poder da sedução, como perfumes e cosméticos.
Como vimos, o arquétipo da Cleópatra é melhor pensado como uma representação da femme fatale, uma mulher poderosa que utiliza a sedução para enfraquecer às pessoas a sua volta e conquistar o que necessita.
Apesar de seu uso ser mais voltado para o esoterismo, ainda assim podemos aprender algumas coisas úteis com o arquétipo da Cleópatra para utilizá-lo em processos de Storytelling, seja para escrever um livro, contar uma história para uma audiência ou pensar na próxima campanha de Marketing de um serviço ou produto.
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