A gigante de tecnologia chinesa Alibaba anunciou nesta terça-feira (19) um novo processador desenvolvido pela empresa que será utilizado em seus data centers de cloud computing.
A novidade representa a aposta mais recente da companhia no setor de semicondutores. O movimento mostra que a Alibaba está de olho em seus competidores ao mesmo tempo em que atende às prioridades do governo chinês em impulsionar a indústria de chips no país.
O chip, batizado de Yitian 710, foi desenvolvido pela subsidiária de semicondutores da Alibaba, T-Head. O novo produto é baseado na arquitetura da Arm Ltd, do Reino Unido, e aparentemente não estará disponível para uso comercial.
Atualmente, a Alibaba ocupa a posição de maior fornecedora de soluções de cloud computing na China, sendo a terceira em escala mundial, de acordo com dados da empresa de consultoria Gartner.
A Alibaba não é a primeira a estrear na indústria de chips, no entanto. A Huawei, por exemplo, conta com seu chip próprio Kunpeng, enquanto que a Amazon tem o Gravitation para alimentar sua infraestrutura de cloud computing.
Além do Yitian 710, a companhia chinesa aproveitou para anunciar outras novidades. A Alibaba desenvolveu uma linha proprietária de servidores chamada Panjiu. Além disso, a empresa vai disponibilizar ao público o código-fonte da sua série Xuantie de núcleos IP. Lançada em 2019, a linha Xuantie é baseada na arquitetura open source RISC-V
Concorrência e prioridades do governo
Além de se juntar a um movimento do próprio mercado, a Alibaba está atendendo a um desejo do governo chinês de investir cada vez mais na produção de chips domésticos. Atualmente, a China ainda está atrás em relação a outros países.
Por enquanto, o país ainda depende da produção de companhias externas para a maioria dos seus semicondutores externos. No entanto, isso pode representar uma vulnerabilidade para o país, conforme ficou evidenciado durante o governo de Donald Trump.
Outras gigantes do mercado também estão se juntando à Alibaba para suprir essa demanda do país. A companhia responsável pela principal ferramenta de buscas da China, Baidu, a fabricante de celulares e dispositivos eletrônicos Xiaomi e diversas empresas automotivas já começaram a investir na produção de chips.
As disputas entre Huawei e EUA
Em 2019, o governo do então presidente dos EUA Donald Trump incluiu a Huawei em uma lista de empresas consideradas como uma ameaça à segurança nacional. A empresa sempre negou as acusações, afirmando que a posição do ex-presidente estava relacionada à guerra comercial entre os dois países.
Uma vez incluída na lista de entidades, as fornecedoras norte-americanas se viram obrigadas a solicitar uma licença especial do governo para vender itens, como semicondutores, à Huawei.
O Google também foi proibido de fornecer suporte técnico a novos modelos de telefones da Huawei e acesso ao Google Mobile Services, o pacote de serviços para desenvolvedores nos quais a maioria dos aplicativos Android são baseados.
As pressões por parte dos Estados Unidos acabaram culminando na venda da Honor, uma das marcas da Huawei, em novembro de 2020 devido à falta de componentes. Criada em 2013, a Honor era conhecida pelos seus smartphones com preços acessíveis, contabilizando uma venda anual de 70 milhões de unidades.
Na última semana, senadores republicanos dos EUA solicitaram que o governo Biden também inclua a Honor na lista de entidades com base no mesmo argumento de Trump de que a empresa representaria uma ameaça à segurança nacional.