A necessidade de isolamento social durante a pandemia da Covid-19 impôs o home office como modelo de trabalho. A ideia de seguir trabalhando de casa agrada boa parte da população, mas também causa algumas incertezas.

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP) mostra que 73% das pessoas estão satisfeitas com o trabalho de casa.

No entanto, a proximidade com o retorno à normalidade tem deixado muitos profissionais com receio de que seguir no trabalho remoto possa afetar o acesso a promoções.

Além disso, de acordo com um levantamento feito pela consultoria global Korn Ferry, 55% dos entrevistados afirmam que voltar a trabalhar no escritório gera algum tipo de estresse. Para piorar, 58% afirmam que têm medo de conversar com seus chefes sobre continuar o trabalho remoto por receio de que isso prejudique as chances de ascensão na carreira.

Os dados apontam que a retomada aos escritórios não será tão simples. Discussões a respeito desse receio já estão em pauta dentro das empresas.

“Esse é um receio com praticamente todas as pessoas com quem eu converso. É preciso termos uma visão de flexibilidade e que a volta continuará sendo voluntária”, diz Valéria Marretto, diretora de Recursos Humanos do Itaú Unibanco.

Apesar de ter metade dos seus quase 100 mil funcionários trabalhando diariamente desde o início da pandemia nas agências bancárias, o retorno dos outros 50% para o escritório ainda é gradual. Hoje, por exemplo, só é permitida a utilização de 20% dos espaços dos prédios.

Pessoa em Home Office.

Na incorporadora Viver, os funcionários estão atuando no modelo 100% presencial e terão que pedir liberação para o gestor caso precisem trabalhar de casa algum dia.

“Orientamos nossos gestores a analisar a situação, entender a situação da saúde mental do colaborador e também se o trabalho dessa pessoa é possível de ser feito de casa”, diz Ricardo Piccinini, presidente da companhia.

Diálogo deve pautar retorno

Fátima Motta, professora de liderança e carreira da ESPM, acredita que as empresas precisam criar ou melhorar maneiras de medir a performance do quadro de funcionários pelos resultados, não pela presença no escritório.

“Obviamente que as pessoas precisariam ir em algum dia ou outro para o escritório, mas promoções e demissões precisam ser de acordo com o desempenho. Aquela cultura do chefe precisar ver o funcionário trabalhando é coisa do passado”, diz.

Para Patrícia Suzuki, diretora de Recursos Humanos do portal de contratações Catho, é fundamental que o retorno seja feito com transparência dos dois lados.

“As empresas devem dar clareza para os profissionais sobre as possibilidades de promoções naquele momento ou num futuro próximo”, diz Patrícia. “E os líderes têm papel fundamental para a geração de vínculo entre as equipes”, acrescenta.

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