O governo de Israel está utilizando reconhecimento facial para monitorar a população palestina, num movimento que militares israelenses veem como essencial para evitar ataques terroristas, mas que críticos veem como violação de direitos.

O alerta foi feito pelo jornal Washington Post, por meio de uma longa investigação publicada nesta semana. De acordo com eles, o exército israelense está usando um aplicativo para smartphone chamado “Blue wolf” (lobo azul) que tira fotos dos palestinos e os insere em um banco de dados.

O banco de dados se comunica diretamente com o militar que tirou a foto, enviando de volta um sinal com cores diferentes. Dependendo da cor (vermelho, amarelo ou verde), o palestino pode ser preso, detido ou simplesmente liberado pelas forças de segurança.

De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, era muito comum que crianças palestinas ficassem animadas, posando para fotos. Mas pessoas mais velhas muitas vezes resistiam, e tinham que ser forçadas a serem fotografadas, o que um militar israelense classificou como uma “experiência traumática.”

Os militares israelenses eram incentivados a tirar fotos dos palestinos, sendo que algumas patrulhas tinham cotas de tirar ao menos 1.500 fotografias por semana. 

O exército israelense está usando um aplicativo para smartphone chamado “Blue wolf” (lobo azul) que tira fotos dos palestinos e os insere em um banco de dados.

O Blue Wolf, porém, é só uma versão mobile de um sistema muito maior e com mais recursos, chamado “Wolf pack” (algo como “matilha”), que contém um perfil de praticamente todos os palestinos vivendo na Cisjordânia.

Este sistema teria, de acordo com o Washington Post, fotos de todos os indivíduos, assim como um histórico familiar, educação, e uma classificação destes indivíduos por grau de risco de segurança que eles oferecem ao estado de Israel.

Ao contrário do Blue Wolf, porém, o Wolf Pack só é possível de ser acessado por meio de desktops, em ambientes seguros.

Além das fotos tiradas pelos celulares com o Blue Wolf, o exército israelense também instalou câmeras por praticamente toda a cidade de Hebron, que são capazes de reconhecimento facial.

Hebron é a maior cidade da Cisjordânia, e é basicamente administrada pelo exército israelense. Sistemas similares foram instalados em vários locais do mundo, e têm sido alvo de críticas de organizações de direitos humanos.

Na China, por exemplo, o governo utiliza um sistema parecido para monitorar a minoria muçulmana Uigur, também com o propósito de evitar ataques terroristas, argumentam eles. Na Índia, uma cidade de sete milhões de habitantes está construindo um vasto sistema de reconhecimento facial, também alvo de críticas.

No Brasil, Inglaterra e outros países o reconhecimento facial também tem ganhado espaço, porém é menos alvo de críticas por serem iniciativas de menor porte, destinadas menos a monitorar pessoas e mais a dar uma sensação geral de segurança, instalando câmeras em escolas e em espaços públicos como praças.

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