O recurso de realidade aumentada tem ganhado cada vez mais popularidade, sendo utilizado principalmente para promover experiências divertidas ou ações de marketing. O diretor criativo Sebastian Koseda, no entanto, decidiu aproveitar a tecnologia como uma ferramenta de conscientização ambiental.
Batizado de “The Zoo of Extinct Animals”, o projeto de Koseda permite visualizar e interagir com representações em 3D de animais extintos. No caso do golfinho baiji, por exemplo, além de ver o mamífero brincando ao seu redor, é possível ver também uma sacola plástica flutuando próxima ao animal.
O projeto utiliza a ferramenta de realidade aumentada do Snapchat para mostrar animais que foram extintos nos últimos 20 anos devido às ações humanas. O objetivo, segundo Koseda, é sensibilizar as pessoas para que elas percebam o que já foi perdido e incentivá-las a apoiar iniciativas sustentáveis.
Ele argumenta que, apesar de muitas pessoas estarem cientes de que os animais estão sendo extintos, o impacto de ver uma imagem em 3D como se ele estivesse realmente a poucos metros de distância é muito maior do que simplesmente ler uma notícia sobre uma espécie extinta.
Vida selvagem em risco
O golfinho baiji, nativo dos rios Yangtze e Qiantang, na China, foi declarado extinto em 2006. A principal causa do fim da espécie foi atribuída à degradação de seu habitat e ao nível com que ele estava sendo capturado de forma não-intencional por pescadores locais.
Os números mostram que os desequilíbrios ambientais não estão afetando apenas os golfinhos. Um relatório da World Wide Fund for Nature (WWF) mostra que cerca de dois terços de toda a vida selvagem do planeta foi perdida nos últimos 50 anos.
O levantamento da WWF ainda revela que 38,5 mil espécies estão em ameaça de extinção atualmente, incluindo 41% dos anfíbios existentes, 37% dos tubarões e raias, 26% dos mamíferos e 14% dos pássaros.
O projeto de Koseda pretende focar inicialmente em cinco animais que foram extintos há pouco tempo: o golfinho baiji, o íbex-dos-pirinéus, o rinoceronte-negro-ocidental, o leopardo nebuloso de Formosa e a foca-monge-do-caribe.
Por enquanto, as representações em 3D do golfinho e do íbex já estão disponíveis, enquanto que o rinoceronte deverá ser lançado nos próximos seis meses.
Koseda e sua equipe estão trabalhando com pesquisadores da University College London para desenvolver os modelos para os animais. O primeiro passo é encontrar fotografias para que eles possam criar os modelos 3D da forma mais fiel possível.
Segundo Koseda, essa é a parte que consome mais tempo, pois é como se eles estivessem construindo um esqueleto. Também é preciso identificar quais pontos da imagem se moverão e animá-los para que a figura 3D pareça real.
Tecnologia aplicada à história
O projeto “The Zoo of Extinct Animals” segue a mesma linha de outras iniciativas que utilizam a tecnologia para permitir que as pessoas visualizem animais extintos.
O SAOLA Studio, na França, firmou uma parceria com o Museu Nacional de História Natural de Paris para “reviver” 11 espécies extintas, ou em risco iminente de extinção, por meio do projeto “Revivre”, que utiliza realidade aumentada.
O próprio Google anunciou parcerias em 2016 com mais de 50 instituições de história natural para oferecer experiências de realidade virtual com dinossauros por meio do Google Arts & Culture.
Koseda possui um estúdio de design e começou a focar em projetos próprios nos últimos dois anos. Segundo ele, a ideia era que seus primeiros trabalhos abordassem questões ambientais.