Sistemas de reconhecimento facial costumam ser associados, além de questões éticas e de dirscriminação, a diferentes riscos de cibersegurança e vigilância. Ainda assim, algumas escolas no Reino Unido decidiram apostar na tecnologia para facilitar o processo de pagamentos nas cantinas. 

De acordo com o Financial Times, nove escolas de North Ayshire planejam começar a receber pagamentos por meio do escaneamento dos rostos de seus estudantes

A novidade pretende endereçar três problemas principais: questões de saúde relacionadas à Covid-19, riscos de segurança envolvendo senhas de cartões e o tempo para processar pagamentos no horário de almoço. 

Por outro lado, com base em algumas experiências negativas envolvendo a tecnologia, a decisão de implementá-la em um ambiente escolar e com um público jovem traz uma série de preocupações envolvendo privacidade e cibersegurança.

Reduzir riscos de saúde e acelerar pagamentos

A iniciativa de implementar sistemas de reconhecimento facial nas cantinas surgiu a partir de alguns problemas identificados após o retorno às aulas presenciais no Reino Unido. 

Com as crianças passando a frequentar os espaços físicos da escola novamente, foi necessário adotar uma série de medidas de saúde para reduzir ao máximo os riscos de contaminação por Covid-19.

Isso inclui evitar o contato com superfícies ao realizar pagamentos na cantina. No início da pandemia, uma das primeiras medidas adotadas por muitos estabelecimentos no Reino Unido foi banir pagamentos em dinheiro devido ao risco de contágio pelo papel.

Embora as escolas já adotem o método de pagamentos por leitura biométrica, isso ainda envolve o contato dos alunos com uma superfície. 

Outro ponto defendido pelo conselho de North Ayrshire é que, no caso dos métodos tradicionais de pagamentos com cartão, muitos alunos acabam se esquecendo das senhas. Fora isso, esses PINs numéricos também estariam mais suscetíveis a fraudes.

Por fim, um dos argumentos apresentados é em relação ao tempo. Em média, as escolas dispõem de cerca de 25 minutos para servir refeições a milhares de crianças. Isso significa que implementar o sistema de reconhecimento facial ajudaria a acelerar os pagamentos e reduzir o tempo de espera

Privacidade e Cibersegurança

A empresa por trás da tecnologia que será implementada nas escolas é a CRB Cunninghams. Tanto a companhia como as escolas afirmam que o novo sistema levará em consideração as preocupações sobre privacidade e cibersegurança

Crianças em sala de aula.

Segundo a CRB Cunningham, o seu produto não utiliza reconhecimento facial em tempo real. Ou seja, ele não realiza um escaneamento ativo de multidões. Ainda de acordo com a empresa, as informações faciais dos alunos seriam criptografadas.

As escolas já utilizam leitores de biometria digital nos sistemas de pagamento das cantinas. Por isso, a empresa defende que a iniciativa mais recente representa apenas uma transição para um novo método de biometria.

De acordo com o conselho de North Ayrshire, cerca de 97% das crianças e seus responsáveis já forneceram seu consentimento para que o sistema de reconhecimento facial seja utilizado nas escolas.

Ainda assim, defensores de cibersegurança, como a organização Big Brother Watch e a Biometrics Commissioner da Inglaterra, defendem que o uso da tecnologia nas escolas seja arbitrário.
Além dos riscos já conhecidos envolvendo a coleta de dados biométricos e faciais, uma das preocupações é que a iniciativa acabe normalizando a prática de escanear rostos, tornando os alunos alheios às questões de privacidade.

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