A National Football League (NFL), liga nacional de futebol americano dos Estados Unidos, desenvolveu uma inteligência artificial que utiliza imagens e sensores embutidos em equipamentos de proteção, como capacetes, protetores bucais e ombreiras para tentar reduzir ferimentos ocasionados durante as partidas.

Batizada de “Digital Athlete”, a tecnologia foi desenvolvida com o auxílio da Amazon Web Services (AWS), serviço de computação em nuvem da Amazon, e é capaz de criar uma réplica digital de um atleta da NFL em um ambiente virtual.          

O sistema utiliza machine learning e visão computacional para identificar impactos e ferimentos. A partir desta análise, o objetivo é ajudar a manter os jogadores mais protegidos. 

No caso dos sensores embutidos em capacetes, por exemplo, é possível observar a quantidade de vezes em que um jogador sofre algum impacto no seu equipamento de proteção durante uma partida. Com essa informação, é possível buscar maneiras de reduzir o número de contatos com o capacete. 

Conforme explica o comunicado da NFL, a tecnologia da AWS é aplicada a dados como a atividade dos jogadores, escolha de equipamentos, velocidades, clima e incontáveis horas de vídeo para aprimorar a compreensão das lesões.

Simulações infinitas

Ao alimentar o sistema com todos esses dados, os algoritmos do Digital Athlete são capazes de criar uma quantidade infinita de simulações de possíveis cenários para entender os impactos na saúde e segurança dos jogadores. 

Print do comunicado oficial da NFL.
A tecnologia da AWS é aplicada a dados como a atividade dos jogadores.

Assim, para reduzir ao máximo possíveis lesões, a tecnologia testa uma série de variáveis, como alterar o tipo de capacete, as condições climáticas e até mesmo a superfície do campo onde os jogos ocorrem. 

De acordo com a NFL, o objetivo é tirar proveito das vantagens oferecidas pelas simulações computacionais para gerar uma reconstrução das lesões que ocorrem durante os jogos. Isso permite identificar as possíveis causas dos ferimentos e, então, analisar o que poderia ser feito de diferente para alterar o resultado. 

Em seu comunicado, a NFL ainda afirma que o Digital Athlete vai auxiliar a liga e os clubes a utilizarem a ciência esportiva e a biomecânica de lesões para desenvolver treinos e regimes de recuperação individualizados. 

A expectativa é que a inteligência artificial também ajude a conduzir análises de risco em tempo real para potenciais lesões durante as partidas, além de identificar e avaliar iniciativas adicionais de segurança para os jogadores, como tipos de equipamentos alternativos, mudanças nas regras e técnicas de treinamento.

Impactos a longo prazo

Alguns estudos já encontraram uma relação entre traumas na cabeça ocorridos em jogos da NFL e lesões cerebrais em ex-jogadores. Assim, os riscos associados à participação de atletas em esportes que envolvem colisões têm ganhado maior atenção nos últimos anos.

Um estudo realizado em 2017, por exemplo, analisou 111 cérebros de jogadores da NFL já falecidos e descobriu que 99% deles apresentavam encefalopatia traumática crônica, uma doença neurodegenerativa.

Com a implementação da inteligência artificial, a expectativa é que mais dados estejam disponíveis para que os estudos continuem a ser conduzidos. Por enquanto, as informações coletadas pelos sensores ainda não foram disponibilizadas a pesquisadores de universidades.

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