Embora o mercado de tecnologia, no geral, apresente um crescimento constante, a área de cibersegurança especificamente tem ganhado cada vez mais relevância. Os números recordes de ransomware e outros tipos de ataques hackers vêm impulsionando as empresas a investirem mais em ferramentas e profissionais capazes de combater essas ameaças.
À medida que a demanda por especialistas aumenta, no entanto, o mercado continua a enfrentar uma escassez de mão de obra qualificada. Atualmente, existem cerca de 2,5 milhões de vagas abertas globalmente em cibersegurança, e uma das melhores formas de preenchê-las é incentivando mulheres a seguirem uma carreira nessa área, defende a Microsoft.
O argumento foi apresentado por Vasu Jakkal, vice-presidente de segurança, compliance, identidade e gerenciamento da empresa. Segundo ela, a indústria de cibersegurança precisa urgentemente de mulheres e de pessoas “com perspectivas mais diversas” para auxiliar nas respostas a ameaças em constante evolução, além de poderem colaborar com as equipes de TI atualmente sobrecarregadas.
Isso significa que os esforços para combater as desigualdades de gênero na área de tecnologia poderiam oferecer respostas a dois problemas ao mesmo tempo. O primeiro deles refere-se à falta de representatividade feminina, o que se reflete em salários desiguais e na falta de apoio às profissionais. Já o segundo é a falta de mão de obra qualificada.
Assim, ao promover iniciativas que ofereçam respostas a essas desigualdades, as organizações podem contribuir para a redução da escassez de mão de obra qualificada e ainda diversificar a mentalidade operacional da empresa, o que resulta em benefícios em termos de inovação e lucratividade, defende Jakkal.
Falta de representatividade
A desigualdade de gênero nesse campo pode ser observada claramente nos números. De acordo com um levantamento realizado pela Cybersecurity Ventures, em 2021, as mulheres representavam apenas 25% da força de trabalho global na área de cibersegurança.
Já uma pesquisa encomendada pela Microsoft Security revelou que, apesar de 83% dos entrevistados acreditarem que há oportunidades para as mulheres em cibersegurança, apenas 44% das mulheres que participaram do estudo afirmaram que se sentem suficientemente representadas na indústria.
A pesquisa ainda indicou uma diferença de percepção entre os participantes. Enquanto 54% das mulheres afirmaram que o problema da desigualdade de gênero está presente na indústria, resultando em apoios e salários diferenciados, cerca de 45% dos homens concordaram com a afirmação.
Jakkal defende ainda que existem outras questões mais complexas a serem resolvidas além das medidas propostas pelas empresas. As próprias inseguranças individuais podem representar um fator limitante, por exemplo.
Isso indica que são necessários esforços para encorajar as mulheres a seguirem uma carreira na área de cibersegurança, de modo a combater preconceitos que limitam as opções dessas profissionais.
Insegurança como fator limitante
A questão da insegurança como fator limitante também foi identificada na pesquisa da Microsoft. De acordo com o levantamento, 21% dos entrevistados homens consideram-se qualificados para se aplicar a uma vaga em cibersegurança, enquanto que apenas 10% das mulheres afirmam sentir o mesmo.
O estudo ainda mostra que 27% das mulheres, contra 21% dos homens, acreditam que os homens são vistos como mais adequados para atuar na área de tecnologia.
As equipes de cibersegurança já estão sobrecarregadas devido à falta de profissionais especializados na área. Por isso, incentivar mais mulheres a ingressarem nesse mercado seria uma forma de atender à demanda de mão de obra, além de trazer uma série de benefícios para a empresa ao criar times mais diversos.
Promover a diversidade é essencial para as empresas, visto que profissionais com históricos diversos podem trazer novas ideias, perspectivas e experiências, defende Jakkal. Isso pode ser extremamente útil especialmente na área de cibersegurança, em que as estratégias envolvidas nos ataques estão em constante evolução.