Mark Zuckerberg revolucionou a forma como nos relacionamos pela internet com a criação do Facebook em 2004. Agora, ele quer ir mais além: sua ideia é construir o metaverso. 

O conceito do metaverso não é exatamente novo. O termo apareceu pela primeira vez em um romance de ficção científica do ano de 1992 chamado “Snow Crash”, de Neal Stephenson. 

Com isso, Mark Zuckerberg entra na corrida para ser o pioneiro nessa nova ferramenta que pode elevar a internet até o próximo nível. 

Qual é a visão dele e seus objetivos? Ele está sendo bem sucedido? Quais são as polêmicas envolvendo essas questões? Tudo isso você poderá conferir neste texto, feito especialmente para lhe explicar toda a relação de nosso querido “Zuck” com a tecnologia. Confira abaixo:

Boa leitura!

O que é Metaverso e para quê serve?

Imagem ilustrativa do Metaverso

Metaverso é a existência de um espaço digital — ou um conjunto de espaços digitais interconectados — que permite à pessoa usuária fazer tudo que ela faria no mundo físico (comprar, vender, socializar, trabalhar, interagir) sem sair de casa

Um conceito muito importante que se vincula à existência do metaverso é o de imersão. Parte da experiência completa do metaverso é você se sentir de fato em outro espaço. Por isso, equipamentos que utilizam tecnologias como realidade aumentada e virtual são necessários, como luvas, óculos, etc. Além disso, a popularização das criptomoedas e da tecnologia blockchain facilitam a criação de uma forma de pagamentos descentralizada, ou seja, que não está atrelada a nenhum governo ou nação em específico.

Esses elementos são os principais fatores que diferenciam a internet como conhecemos hoje e o metaverso. É por isso que muitas pessoas especialistas consideram o metaverso como a evolução da internet, pois ele se trata de uma forma mais imersiva, capaz de utilizar ainda mais o potencial da rede mundial de computadores. 

No metaverso, poderemos criar avatares (corpos digitais que serão personalizáveis) para nos representar e utilizá-los para criar e expandir nossa comunidade. A moeda digital vai permitir que compremos roupas, acessórios, casas e até mesmo negócios na plataforma. Uma previsão da Citibank diz que até 2030 poderão ter até 5 bilhões de pessoas utilizando a tecnologia (60% da população), para além de poder ser avaliada em aproximadamente 13 trilhões de dólares!

Mark Zuckerberg é o criador do Metaverso?

Mark Zuckerberg apresentando o conceito de Metaverso em um anúncio

Não. Apesar de Mark Zuckerberg e o Facebook (agora Meta) terem se voltado completamente para esse mercado, esse conceito não é novidade e, certamente, não foi sua criação. 

O conceito foi elaborado por Neal Stephenson primeiramente como um elemento para seu romance de ficção científica escrito em 1992, o “Snow Crash”. A ideia se popularizou e algumas empresas tentaram reproduzi-la com a tecnologia existente na época, por meio da internet. O maior exemplo foi o jogo Second Life, um mundo virtual semelhante ao metaverso que fez determinado sucesso mas, como não havia como expandi-lo, acabou perdendo popularidade com o tempo. 

A ideia apareceu em um filme de bastante sucesso de Steven Spielberg, baseado no romance de Ernest Cline, Jogador Número 1 (Ready Player One), que apresenta um conceito de metaverso mais voltado ao que se imagina hoje em dia. 

Inclusive, o próprio autor da novela que gerou o nome, Stephenson, tem intenção de participar ativamente da construção da nova tecnologia. Junto com o fundador da Bitcoin Foundation, eles montaram uma startup (Lamina1) que visa construir um metaverso de código aberto e descentralizado utilizando blockchain. Segundo ele, atualmente o metaverso é como uma sopa — disforme —, e as grandes corporações batalham para ver quem poderá moldá-la à sua maneira. O ideal, para ele, é que a pessoa usuária possa escolher qual espaço utilizar, como se estivesse trocando de um website para outro. 

Mark Zuckerberg mudou o nome do Facebook para Meta apenas por causa do Metaverso?

Logo da Meta

O principal motivo para a mudança de nome da The Facebook Inc. para Meta Platforms Inc. no final do ano de 2021 foi uma estratégia de consolidar a corporação como a principal detentora da tecnologia no mercado, ao diretamente associar-se ao nome do conceito (Meta, de Metaverso). Juntamente com a Meta, outras gigantes da tecnologia como Microsoft e Google disputam a liderança no desenvolvimento da plataforma.

Mas essa, certamente, não foi a única razão para isso. 

Sabemos que, na internet, as informações são transmitidas rapidamente e logo se tornam obsoletas. Quando o Facebook surgiu, ele diretamente substituiu outras formas de comunicação que faziam sucesso, como o MSN, o MySpace, o Tumblr, o Orkut, etc. E, aparentemente, o Facebook já não é mais tão popular quanto antes, principalmente considerando as novas gerações. 

Portanto, reapresentar-se ao mercado com uma tecnologia que ainda não está bem estabelecida e ainda apresenta muitas formas diferentes de ser explorada é inteligentemente migrar para algo que poderia tornar seus produtos obsoletos e tentar moldá-lo antes de seus concorrentes

Além disso, a mudança de nome ainda dá à empresa de Zuckerberg um novo começo. Recentemente, a imagem do Facebook não estava muito boa, mediante a mídia e o mercado. 

A empresa, nos últimos anos, vem sendo acusada de diversas polêmicas envolvendo dados e a forma como o algoritmo atua. As acusações mais sérias envolvem a ausência de posicionamento da plataforma com a disseminação de notícias falsas sobre diversos assuntos em grupos e a possível contribuição para a polarização política de determinados países, que pode ter sido um dos fatores para a violência étnica e discurso de ódio contra minorias em países como Myanmar.

Apesar de ter admitido a culpa e prometido mudanças, a empresa posteriormente foi acusada de engavetar documentação que provava que a ferramenta estava sendo prejudicial para pessoas usuárias. 

Em meio a tantas polêmicas, a mudança de nome dá a Mark e ao Facebook a oportunidade de recomeçar, afastando a imagem negativa e os “fantasmas” do passado, colocando foco em algo empolgante e inovador. Basta saber se a empresa vai aprender com os erros passados e tentar corrigi-los nessa nova fase, ou se ela vai transportar todos eles para a nova plataforma, o que poderia ter um impacto ainda maior. 

Quanto a Meta investiu para a criação do Metaverso?

A Meta investiu aproximadamente 10 bilhões de dólares assim que anunciou sua decisão de focar na construção do Metaverso, em 2021, sem contar o investimento inicial de 50 milhões de dólares somente para mudar de área

O valor expressivo foi usado para comprar empresas e tecnologias voltadas para o desenvolvimento de realidade aumentada e virtual. 

Além disso, a empresa ainda acelerou contratações, recrutando novas 10.000 pessoas para trabalhar no projeto. 

No entanto, é esperado que a tecnologia demore até dar um retorno financeiro adequado. A expectativa do retorno do investimento da empresa é de 15 anos até que isso ocorra. No primeiro quadrimestre de 2022, a empresa já tinha perdido 3 bilhões de dólares.

Qual o impacto do Metaverso de Zuckerberg no cotidiano?

A visão de Mark Zuckerberg é ampliar a utilização do metaverso para diversos âmbitos de nossas vidas, revolucionando e facilitando a forma como nos relacionamos enquanto sociedade. Por exemplo:

Educação

É conhecido que a Meta já está investindo no treinamento de pessoas desenvolvedoras para um ramo educacional. A ideia é transportar a possibilidade de ter aulas remotas a partir de uma plataforma de Metaverso. Para além da possibilidade de estar em um campus virtual, as pessoas ainda poderão contar com todo o potencial da tecnologia para ensinar e aprender.

Trabalho

Com o metaverso, o conceito de “trabalho remoto” poderia ganhar uma nova conotação. Essa é a ideia da Meta para o trabalho. Por meio da tecnologia, seria possível disponibilizar empresas e escritórios que poderiam servir como sala de reunião para que fosse possível integrar uma equipe que não esteja fisicamente no mesmo espaço. O nome dado para a ferramenta de colaboração remota é Horizon Workrooms.

Lazer

A área de Games é uma das principais apostas para o metaverso, já que a proposta de ambos andam lado a lado. A Meta fechou parcerias com diversas empresas de desenvolvimento de jogos para trazer a tecnologia para o metaverso utilizando ferramentas de realidade aumentada. Um dos títulos que ficou famoso recentemente é o do Beat Saber, um jogo musical em que a pessoa deve acertar com um sabre de luz os elementos que aparecem na tela, tudo no ritmo da música:

Smooth Criminal in BEAT SABER [Mixed reality]

Além disso, a Meta também desenvolveu a Horizon Venues, que é uma aplicação em que as pessoas podem se encontrar para curtir eventos em conjunto, como shows, filmes, stand ups, etc. 

Quais são as polêmicas envolvendo a criação do Metaverso?

A Meta anunciou sua subida guinada para uma nova área recentemente, mas o pouco tempo até então foi suficiente para que a decisão e o desenvolvimento da plataforma do metaverso não se tornasse cheio de polêmicas. Inclusive, algumas pessoas chegaram a questionar se Mark Zuckerberg era de fato o melhor nome para estar à frente de um projeto desse porte.

Tudo começou depois que Mark compartilhou em suas redes uma “selfie” tirada da plataforma do Metaverso para comemorar a expansão para França e Espanha. O que chamou a atenção das pessoas nas redes sociais imediatamente foi a qualidade duvidável dos gráficos apresentados. A “selfie amaldiçoada do metaverso” pode ser conferida a seguir:

Foto "amaldiçoada" que colocou dúvidas sobre o futuro do metaverso nas mãos de Mark Zuckerberg

A imagem fez muitas pessoas se preocuparem com o futuro do Metaverso. Com bilhões de dólares investidos na tecnologia, foi uma surpresa que o resultado apresentado até então tenha sido tão prototípico, na opinião de algumas pessoas usuárias. 

Após a polêmica envolvendo os gráficos, Mark compartilhou em sua rede uma nova selfie e uma foto de um café temático com gráficos renovados, com intuito de provar que a primeira selfie era somente algo inicial e que, na verdade, eles estão trabalhando em algo mais visualmente atraente:

Foto do Instagram de Mark Zuckerberg, em que ele demonstra como serão os gráficos do metaverso

Ele escreveu na legenda foto acima no Instagram:


Eu sei que a foto compartilhada anteriormente era bastante básica — foi somente tirada rapidamente para celebrar um lançamento. Os gráficos em Horizon são capazes de muito mais — até mesmo nos headsets — e Horizon está melhorando rapidamente

Uma outra polêmica que ainda está no ar diz respeito ao fato de que algumas pessoas não acreditam que ainda estejamos preparados para essa tecnologia, e que desenvolver às pressas o metaverso como a Meta está fazendo somente agrava os problemas de segurança e privacidade de dados que o Facebook não conseguiu resolver. 

Horizon Worlds: o jogo do metaverso de Mark Zuckerberg!

Horizon Worlds

A Horizon Worlds é um dos principais produtos que a Meta está desenvolvendo e poderá ser a sucessora do Facebook em um futuro não muito distante. Trata-se de um “jogo” social que dará forma ao Metaverso.  

A ideia que antes era proporcionar uma experiência “sandbox”, que permite criação de mundos livremente, como Minecraft ou Roblox, evoluiu para proporcionar interação entre pessoas usuárias e atividades em conjunto. 

O acesso ao mundo é gratuito, precisando apenas instalar a aplicação “Quest” em um dispositivo móvel, ser maior de 18 anos de idade e ter uma conta ativa na rede social Facebook. Abaixo, você poderá conferir um pouco mais sobre a plataforma:

Como acessar o metaverso de Mark Zuckerberg?

Para entrar no Metaverso, você precisa primeiramente cumprir com alguns requisitos básicos:

  • É necessário adquirir um equipamento de realidade aumentada. Podem ser óculos de realidade aumentada ou o equipamento de realidade virtual. Como entraremos no metaverso da Meta, é obrigatório usar os equipamentos feitos pela própria companhia, o Oculus Quest. Um dos equipamentos mais populares atualmente é o Meta Quest 2, que conta com um valor razoavelmente acessível
  • É necessário uma conexão com a internet estável e veloz.
  • É necessário contar com um computador que tenha um bom processamento e desempenho geral
  • É necessário ser maior de 18 anos de idade.
  • Por enquanto, é necessário residir nos territórios em que a plataforma está ativada (Europa e América do Norte).

Para quem cumpre todos os requisitos acima, é somente necessário baixar o jogo gratuitamente e usar uma conta Facebook para entrar. Para quem está em território brasileiro, ainda não será possível jogar Horizon Worlds por enquanto, mas você pode adicioná-lo à sua lista de desejos na página oficial do Facebook e a plataforma lhe avisará quando ela estiver disponível em nossa região!

Certamente, existe grande expectativa em relação ao metaverso que construirá Mark Zuckerberg e a Meta. Ainda é bastante cedo para arriscar palpites se será um sucesso e revolucionará a indústria tecnológica ou se a receptividade não será tão boa quanto o esperado. 

Para nós, resta esperar o lançamento da plataforma Horizon Worlds em território nacional e torcer para que a Meta tenha aprendido com os erros cometidos com o Facebook para não os trazer para essa nova tecnologia. O que podemos ter certeza é que o metaverso será um assunto que ainda vai dar muito o que falar!

Já que você chegou até aqui, aproveite para conhecer 4 cidades que, assim como Mark Zuckerberg, estão se preparando para o futuro!

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