O MVP ou Mínimo Produto Viável é um conceito essencial para o lançamento de produtos. É mais importante ainda para startups e empresas inovadoras, já que esse recurso permite agilizar a entrada no mercado e avaliar a aceitação pelo público.

Porém, a criação de um MVP requer alguns cuidados. Diferentemente do que algumas pessoas pensam, não estamos falando de um protótipo — o Mínimo Produto Viável tem recursos mínimos, mas já pode ser lançado no mercado para avaliar sua viabilidade comercial.

Então, vamos entender melhor neste artigo o que é MVP, como esse conceito se relaciona com a inovação e como você pode aplicar no seu negócio. Acompanhe!

O que é MVP e para que serve?

MVP é a versão mais simples e enxuta de um produto, que mostre a sua proposta de valor e possa ser lançada ao mercado com o mínimo de recursos possível. É a sigla para Minimum Viable Product ou Mínimo Produto Viável.

O objetivo de um MVP é validar a ideia no mercado antes de fazer grandes investimentos, já que permite avaliar a aceitação do público, a existência de demanda e o potencial de vendas.

Se a ideia for validada, o produto pode passar para um ciclo de desenvolvimento mais longo, completo e com mais investimentos. Se não, o modelo de negócio pode ser descartado ou aprimorado a partir do feedback de clientes — mas, pelo menos, a empresa não desperdiçou recursos.

Esse conceito foi criado no universo do empreendedorismo e das startups e está relacionado à inovação. O MVP é especialmente útil para validar ideias inovadoras, que têm um risco maior. Antes do lançamento de um novo produto, você consegue avaliar se vale a pena investir na ideia ou se ela não vai conseguir trazer o retorno esperado.

Quando surgiu o MVP? Entenda a história!

O termo MVP já vem sendo usado há algum tempo no mundo dos negócios. As primeiras citações e tentativas de definir o Mínimo Produto Viável apareceram nos trabalhos de William S. Junk e Frank Robinson.

Em 2000, Junk explicou o conceito de “minimum viable product” ao tratar de projetos de desenvolvimento de software. Já em 2001, Robinson desenvolveu o conceito de MVP sob uma perspectiva econômica e é tido como precursor do termo.

Em 2005, Steve Blank avançou no uso do termo. Ao criar a metodologia do Desenvolvimento do Cliente, o autor defendeu a aplicação do Mínimo Produto Viável para projetar experimentos e validar hipóteses.

Mas foi Eric Ries quem popularizou o MVP com o conceito que utilizamos atualmente. O autor escreveu o livro The Lean Startup, em que desenvolve a ideia de startup enxuta, que é focada na otimização de recursos, agilização de processos e aumento da produtividade. 

Nesse contexto, o MVP seria essencial para lançar produtos e colher feedbacks o mais rápido possível, sem desperdiçar recursos.

A partir daí, tanto o conceito de Lean Startup quanto de MVP passaram a ser bastante usados no empreendedorismo.

Entenda a importância do MVP para o sucesso do produto

A metodologia da Lean Startup entende que o MVP é um elemento central do ciclo Construir – Mensurar – Aprender, que serve para colocar o produto desejado nas mãos dos consumidores com a maior aceleração possível.

O que acontece com muitas empresas é que elas acreditam que têm uma grande ideia de produto ou modelo de negócio. Então, passam meses ou até anos desenvolvendo a ideia, sem contato com pessoas usuárias e consumidoras e, quando lançam, não têm o sucesso que esperavam.

Isso geralmente acontece porque os produtos precisam de contato com a realidade para mostrar se a ideia realmente é boa ou não. São as pessoas que consomem que dizem se há demanda e potencial de mercado para o produto.

Além disso, as mudanças são rápidas atualmente. Por isso, durante todo aquele período de desenvolvimento, o mercado já mudou, e o produto tornou-se obsoleto.

Então, o MVP surge para levar os produtos até clientes antes de lançar a sua versão final. Ao interagir com eles, o mercado informa se vale a pena levar a ideia adiante.

No ciclo da Lean Startup, isso acontece com agilidade: em vez de perder tempo desenvolvendo o produto completo, a empresa lança logo o produto no mercado, mensura a aceitação pelo público e aprende como melhorar seu modelo. Então, repete-se o ciclo com melhorias, mas o produto já está no mercado ganhando alcance e penetração.

Ciclo do MVP e da Lean Startup
Fonte: The Lean Startup

Quais as diferenças entre MVP e protótipo?

A confusão entre MVP e protótipo é muito comum, já que esses dois recursos representam uma versão mais simples do produto a ser lançado. Porém, existem diferenças em relação ao conceito e ao papel que eles desempenham nas empresas.

O MVP, como dissemos, é uma versão capaz de ser lançada no mercado. Ainda não tem todas as funções nem toda a complexidade do produto final, mas já apresenta as suas funcionalidades principais e proposta de valor. Dessa forma, a pessoa usuária ou consumidora já pode avaliar se gosta ou não daquele produto, enquanto a empresa avalia a viabilidade do modelo de negócio.

Já o protótipo é uma versão mais simplificada do produto, que não pode ser lançada ao mercado porque não oferece uma boa experiência ao usuário ou pessoa consumidora e nem sempre pode ser usada. Sua função é permitir uma avaliação da viabilidade técnica do produto, enquanto o MVP é focado na sua viabilidade mercadológica.

Geralmente, o protótipo é usado durante o desenvolvimento do produto, enquanto o MVP é focado no seu lançamento. Dessa forma, o feedback do protótipo orienta melhorias técnicas; já o feedback do MVP guia o desenvolvimento do modelo de negócio.

Quais as vantagens do MVP?

A seguir, vamos entender melhor quais são as vantagens do MVP, mas também as desvantagens que esse modelo pode apresentar. Confira:

Otimizar os recursos

O MVP permite economizar no desenvolvimento, já que o produto é lançado rapidamente com os recursos mínimos. Depois, todos os incrementos são embasados no feedback de clientes, o que traz mais eficiência. E, se a ideia não for viável, a empresa ainda não investiu muito.

Agilizar o lançamento

A ideia do MVP é falhar rápido para falhar melhor. O lançamento do produto é acelerado para se deparar logo com a realidade e gerar feedbacks. No ritmo acelerado em que vivemos, essa velocidade é essencial para acompanhar o mercado.

Aprender rapidamente

O ciclo da Startup Enxuta é rápido. Você constrói o produto, mensura e já aprende com o feedback do mercado para lançá-lo novamente. Então, com o produto já lançado, a empresa pode fazer melhorias incrementais para aprimorar sua solução.

Alinhar o produto às demandas

O contato direto do consumidor com o produto gera informações valiosas sobre as necessidades do mercado e se o produto consegue atendê-las. Assim, é possível evoluir o produto e o modelo de negócio de acordo com as demandas do mercado e melhorar a experiência do cliente.

E as desvantagens?

O Minimum Viable Product é usado por diversas startups, mas pode apresentar algumas desvantagens.

Uma delas é que o MVP não foca em pesquisas de mercado antes do desenvolvimento para não atrasar o processo. A ideia é que os dados sobre o mercado apareçam já na interação com o produto. Porém, isso tende a trazer a necessidade de mais incrementos e melhorias.

Além disso, o MVP não apresenta todos os recursos de um produto. Afinal, é preciso definir o mínimo necessário. Por isso, a experiência do cliente não é completa, o que pode afetar sua percepção inicial sobre o produto e a marca.

Como criar um MVP? Veja o passo a passo!

Afinal, como criar um MVP na prática? Cada tipo de produto exige uma abordagem diferente, mas você pode seguir estes passos básicos para começar a criar o seu Mínimo Produto Viável:

1. Entenda o mercado

Primeiramente, entenda o mercado em que você deseja atuar. A ideia do MVP não é se aprofundar em pesquisas, mas é importante conhecer o seu contexto. Então, vá atrás de indicadores do setor, de dados sobre os concorrentes e do perfil de público ideal. Dessa forma, é possível desenvolver um MVP mais eficiente.

2. Defina a sua proposta de valor

A proposta de valor responde por que uma pessoa cliente deveria comprar o seu produto. Ela deve atender a uma necessidade das pessoas e fazer diferença na vida delas. Ao definir a proposta de valor, fica mais fácil estabelecer o mínimo de funcionalidades necessárias, que é um dos grandes desafios do MVP.

3. Formule hipóteses para validar

Um dos principais objetivos do MVP é validar hipóteses sobre o mercado e o produto. Então, estabeleça as premissas que você quer avaliar, como a relevância da sua proposta de valor para o público e o potencial de vendas com determinado perfil de consumo.

4. Defina os indicadores de sucesso

Para avaliar as hipóteses e entender a viabilidade mercadológica do produto, é preciso definir indicadores, especialmente em relação a vendas, engajamento e percepção de marca. São eles que vão mostrar se o MVP teve sucesso no mercado e se é uma boa ideia para ser levada adiante.

5. Interprete os feedbacks

Não adianta lançar o Mínimo Produto Viável e ignorar as percepções das pessoas consumidoras. Por isso, defina as formas de colher e interpretar os feedbacks de clientes. É isso que vai determinar os ajustes e melhorias para aprimorar o produto.

3 dicas extras para melhorar seu MVP!

Depois de aprender o passo a passo para criar um MVP, veja também algumas dicas para tornar esse processo mais eficiente:

1. Não tenha medo de errar

Quem tem medo de errar não inova. A inovação requer tentativas arriscadas de inserção no mercado, que, se derem certo, podem trazer um retorno expressivo. O MVP é justamente uma forma mais inteligente de fazer essa tentativa, sem desperdiçar recursos da empresa.

2. Escolha um mercado relevante

Pode parecer tentador, mas fuja da armadilha de testar o MVP com grupos próximos da empresa, como familiares e amigos. O produto deve ser experimentado pelo seu público-alvo, ou você vai ter uma percepção equivocada sobre a aceitação do mercado.

3. Faça um benchmarking

Não deixe de estudar o que os outros estão fazendo. Olhe para os seus concorrentes, mas também para empresas que são referência no seu mercado e em outros setores, principalmente fora do Brasil. Você pode se inspirar com boas ideias de MVP.

O que não fazer durante a criação do seu MVP?

Já sabe como criar um MVP? Então, é hora de saber o que não fazer nesse processo para não prejudicar seu desempenho.

Um dos erros comuns do lançamento do MVP é expandir demais o grupo que vai experimentar o produto. Dessa forma, você pode perder o controle dos feedbacks. O MVP deve trabalhar com um grupo limitado de consumidores, dispostos a compartilhar suas percepções com a empresa.

Além disso, cuide para não contaminar a avaliação dos feedbacks com as suas opiniões. São as percepções das pessoas consumidoras que importam, não o que você espera que eles pensem sobre o seu produto.

Como as startups começaram: 2 exemplos de MVPs de sucesso para você se inspirar!

MVPs são usados por pequenas empresas que estão começando, mas também por gigantes da tecnologia que estão pelo mundo inteiro e que começaram com um produto simples e enxuto. Veja agora dois exemplos que você certamente conhece:

AirBnb

No final de 2007, dois designers de produto, Brian Chesky e Joe Gebbia, queriam resolver um problema: eles precisavam de ajuda para pagar o aluguel do apartamento em que moravam. Morando em São Francisco, eles pensaram que poderiam alugar o espaço extra do apartamento para desconhecidos que fossem a conferências, que são frequentes naquela cidade.

Para isso, criaram uma plataforma simples para alugar o espaço do apartamento, com foco em uma conferência de tecnologia que aconteceria por lá. A intenção era saber se um número suficiente de pessoas estaria disposto a pagar pelo que eles ofereciam.

O resultado do MVP: três pessoas concordaram em pagar U$ 80 por noite e ajudaram a validar uma ideia que hoje rende milhões de dólares.

Dropbox

A história do MVP do Dropbox é tão célebre que Eric Ries dedicou um capítulo a ela no livro The Lean Startup.

Drew Houston, fundador e atual CEO do Dropbox, criou um vídeo em 2007 para demonstrar sua ideia de armazenar arquivos para acesso remoto com segurança. Era um vídeo simples, narrado por ele mesmo enquanto mostrava a tela (abaixo você pode assistir).

Ele não precisou sequer codificar um produto, que sabia que seria complexo, para verificar o interesse dos usuários e a sua viabilidade comercial. Mais que isso: o MVP levou a ideia a ser aceita no Y Combinator, uma das principais aceleradoras de startups do mundo.

Pense grande, comece pequeno, cresça rápido: essa é a filosofia de negócios que explica a essência do MVP.

Sonhe com um grande futuro para o seu negócio, mas não comece fazendo grandes investimentos arriscados — o MVP, simples e enxuto, está aí para ver se vale a pena investir na sua ideia para crescer com mais agilidade e eficiência.

Agora, aproveite para conhecer 10 startups de sucesso e saber as estratégias que elas usaram para chegar lá!

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